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Detentores de bônus da Oi buscam acordo com bancos credores

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O grupo organizado de detentores de bônus da Oi busca alinhamento com outros credores importantes da companhia, como os principais bancos, apurou o Valor PRO, serviços de informações em tempo real do Valor. A estratégia é chegar a um consenso com os demais credores relevantes para então negociar o plano de recuperação judicial com a operadora de telefonia.

"Com os bancos, a relação é muito boa porque está todo mundo empenhado em resolver o problema o mais rápido possível", disse uma fonte a par do assunto.

O plano de recuperação judicial pode ser flexível para contemplar demandas de diferentes tipos de credores, afirmou ainda essa fonte. "Os bancos não precisam, necessariamente, converter sua dívida em capital. Eles podem apenas alongar os prazos. É possível acomodar todos os interesses e os bancos caminham na mesma direção que os 'bondholders."

O grupo é composto hoje por cerca de 70 instituições que detêm bônus da operadora de telefonia de várias séries, no valor de US$ 4 bilhões. Desse total, 40% são de bônus emitidos pela Telemar Norte Leste e os 60% restantes, de títulos das demais empresas da estrutura da operadora. Esses investidores são representados pela consultoria financeira Moelis. Do lado dos bancos, são credores das operadora: Banco do Brasil (dívida de R$ 4,37 bilhões), BNDES (R$ 3,34 bilhões), China Development Bank, (R$ 2,4 bilhões), Caixa Econômica Federal, (R$ 1,96 bilhão), Itaú BBA (R$ 1,5 bilhão) e BNP Paribas (R$ 1,13 bilhão).

Esse grupo de detentores de títulos está disposto a fazer aporte de capital na empresa para viabilizar o plano de investimentos, se for necessário. No entanto, a forma e o momento em que isso poderia ocorrer não estão decididos e dependem da proposta que a Oi fará no plano de recuperação judicial. As negociações entre as duas partes ainda não começaram e o contato se limita a discussões iniciais.

"A companhia precisa passar por um processo de desalavancagem muito grande. Se fizer uma capitalização dentro do plano de recuperação judicial ou logo depois dele, há vários investidores dispostos a dar esse suporte. Uma vez que parte da dívida será convertida em capital, é preciso valorizar essa parcela", afirmou a fonte. As possibilidades precisariam passar pelos acionistas da companhia, esbarrando na Pharol (antiga Portugal Telecom). O processo de negociação com os portugueses é avaliado como "duro" por esse interlocutor.

O grupo de "bondholders" encabeçado pela Moelis se contrapõe ao movimento iniciado pela gestora de recursos Aurelius Capital Management, conhecida por adotar estratégias agressivas, de formar um segundo grupo de credores. Na sexta-feira, a Aurelius distribuiu carta a investidores contestando as bases para um acordo prévio de reestruturação, como as que vêm sendo aventadas pela Moelis. Na segunda-feira, foi a vez da Moelis divulgar comunicado criticando o posicionamento do Aurelius.

Ontem, uma fonte próxima a Nelson Tanure, acionista da Oi, confirmou que o empresário foi procurado pela Aurelius para tratar de um objetivo comum: a tentativa de mudar a composição do conselho de administração da Oi, afastando do colegiado os representantes da Pharol.

As discordâncias entre os detentores dos bônus em moeda estrangeira são apenas parte do imbróglio que envolve a Oi. Ontem, o Banco do Nordeste informou que a operadora de telefonia deverá depositar, por determinação da Justiça, os recursos referentes ao pagamento de um empréstimo concedido pela instituição numa conta vinculada ao processo da recuperação judicial, ficando estes valores indisponíveis.

Na quarta-feira da semana passada, o juiz Fernando Vianna, da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, havia concedido liminar à Oi que determinava a devolução à operadora, num prazo de 24 horas, de R$ 20,83 milhões retidos pelo Banco do Nordeste com a finalidade de quitar parte de um empréstimo concedido à operadora. O magistrado determinou também a restituição de R$ 46,87 milhões em CDBs da titularidade da Oi Móvel, que haviam sido resgatados pelo banco. Os recursos haviam sido retidos após a aprovação pela Justiça do pedido de recuperação judicial da Oi.

Sem especificar cifras, o Banco do Nordeste informou que uma decisão proferida anteontem pelo desembargador relator Cezar Augusto Rodrigues Costa, da 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, determinou o depósito de "todos os valores previstos contratualmente, em conta vinculada ao juízo da recuperação judicial". Procurada, a Oi disse que não comentaria o assunto.

Autor(a)
Daniela Meibak e Rodrigo Carro

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