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EBX estava em crise à época de audiência com Mantega

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Entre meados de 2012 e de 2013, o antigo Grupo EBX, de Eike Batista, viveu seu "inferno astral", com forte desvalorização das ações das companhias listadas em bolsa pelo empresário e dificuldades de acesso a crédito. A crise culminaria com a derrocada das empresas do grupo em um efeito dominó provocado pela petroleira OGX, que pediu recuperação judicial em outubro de 2013. Mas antes que os problemas atingissem o seu ápice houve diversas tentativas para que o governo da ex-presidente Dilma Rousseff ajudasse, especialmente por meio da Petrobras, a estancar a crise de confiança enfrentada pelo empresário em seus negócios.

Eike sempre teve bom trânsito no governo petista desde a época do ex-presidente Lula. Em abril de 2012, quando ainda estava no auge, Eike recebeu Dilma, acompanhada do ex-governador Sérgio Cabral, em um evento no Porto do Açu (RJ), a "joia da coroa" do grupo. Um ano mais tarde, quando a situação do grupo caminhava para ficar insustentável, Eike fez inúmeros esforços para atrair a Petrobras para o porto. Vislumbrava-se ali uma possibilidade de salvar ao menos uma parte do conglomerado. Em julho de 2012, Eike havia estado com o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Brasília, apresentando o plano de investimentos do grupo EBX, com destaque para o Açu, que ainda não estava operando.

Em agosto de 2012, a OSX, uma das empresas do grupo, anunciou contrato de mais de US$ 900 milhões para a integração de duas plataformas de petróleo para a Petrobras (P-67 e P-70). O contrato foi firmado por um consórcio formado por Mendes Junior, com 51%, e OSX, com 49%. Ontem, ao comentar a doação feita a pedido de Mantega, Eike negou que o favor tenha sido dado como "contrapartida" a qualquer negócio da OSX ou do Integra.

Em março de 2013, depois de ter anunciado contrato de assessoria financeira com o BTG Pactual, Eike esteve novamente em Brasília com Dilma em busca de apoio da Petrobras. Na época, fontes trabalhavam com a ideia de que haveria várias possibilidades de negócios entre a estatal e o grupo X. No fim, quando Eike não era mais controlador do Açu, um prestador de serviço da Petrobras se instalou no porto para atender a estatal com uma base de apoio offshore.

Eike também contou, para desenvolver seus negócios, além do mercado de capitais, com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De 2005 até 2013, as empresas de Eike captaram no BNDES mais de R$ 10 bilhões. Em março de 2013, quando já havia sinais de que Eike estava com dificuldades para conseguir crédito novo para seus negócios, o empresário continuava a buscar recursos no BNDES. No depoimento que deu ao Ministério Público Federal, Eike sugeriu que os procuradores investiguem as garantias dadas por empresários em empréstimos tomados no BNDES. No caso do grupo X, o BNDES afirmou em 2013 que os desembolsos do banco às empresas do grupo EBX eram, majoritariamente, assegurados por repasses ou carta de fiança de outros bancos. Em 2013, em carta publicada no Valor, Eike disse sempre ter agido de boa fé e afirmou ser um "otimista incorrigível" em relação ao Brasil, aos seus negócios e às pessoas que o cercam.

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Autor(a)
Francisco Góes

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