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Hyundai negocia novo prazo para atender CPTM

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Jun, presidente no Brasil, quer ampliar receita no país no segmento de serviços

A fabricante de trens Hyundai-Rotem está pleiteando uma extensão no prazo de entrega de 30 unidades de oito carros para a malha da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), em contrato de R$ 800 milhões. O projeto está atrasado e, segundo a companhia, somente em junho de 2018 será possível finalizar a encomenda. As multas somam R$ 7,9 milhões - valor ainda não pago.

A licitação de compra dos trens está no centro de uma investigação do Ministério Público. O prazo original do contrato era julho de 2016, mas só cinco trens foram entregues até agora, segundo o grupo, e outros oito já estão prontos na fábrica do interior paulista. A empresa alega que as dificuldades não foram causadas por ela.

O fornecimento dos trens para a CPTM foi assinado em 2013. Na época, a Hyundai-Rotem era integrante de um consórcio liderado pela Iesa. Segundo o diretor comercial da companhia, Andre Han, a fabricante sul-coreana foi convidada pela brasileira a integrar o consórcio e o contrato com a sócia local previa que a Iesa assumiria as custas tributárias do projeto e o risco cambial (o contrato de sociedade era em dólar enquanto o compromisso de fornecimento foi acertado em reais).

No ano seguinte, começaram os problemas. A Iesa entrou em recuperação judicial e em agosto teria se afastado do projeto. A Hyundai-Rotem tentou então negociar com o governo de São Paulo a saída da sócia do consórcio. Para isso, antecipou a construção da fábrica, que exigiu investimentos da ordem de R$ 100 milhões.

A Hyundai-Rotem já sabia que seria um contrato deficitário, conta Han, mas decidiu continuar o projeto até como um cartão de visitas no mercado brasileiro. Ainda assim, tenta conseguir se livrar ao menos de parte das multas, que podem chegar a responder por 10% do valor total do contrato.

Ao solicitar o aumento de prazo para a Secretaria de Transportes Metropolitanos, a Hyundai-Rotem alega que o atraso se deveu à demora do contratante em autorizar a saída da Iesa do consórcio. Isso aconteceu só em 2015, mais de um ano depois de a companhia ter entrado em recuperação judicial e saído das atividades da encomenda.

Outro "prejuízo" da sul-coreana no projeto diz respeito ao adiantamento. O consórcio, quando ainda liderado pela Iesa, recebeu R$ 110 milhões. Cerca de R$ 55 milhões teriam ficado pendentes de repasse para a Hyundai-Rotem, que agora está na fila dos credores da recuperação judicial da Iesa.

Segundo a CPTM, há um pedido de extensão de prazo em análise, mas ainda aguardando documentação da Hyundai-Rotem. Em paralelo, a fabricante estuda entrar na Justiça para solicitar reparação da Iesa no momento oportuno.

Essas dificuldades acontecem em um momento em que o mercado brasileiro teve a demanda reduzida, tornando mais complicada a composição de uma carteira de pedidos rentável. Além do fornecimento de trens à CPTM, o único contrato ativo da Hyundai-Rotem no país é com a CCR, que tem como escopo material rodante para o Metrô Bahia e já está na reta final.

Ainda assim, a coreana aposta no potencial do mercado brasileiro. "Acreditamos que o Brasil possui uma economia extremamente forte, e que o mercado brasileiro, já em 2017, começa a mostrar sua capacidade de recuperação", afirmou o presidente do grupo no Brasil, Sungha Jun. O executivo cita como exemplos os leilões de aeroportos e rodovias e as licitações em andamento para a concessão da Linha 5 e 17 do Metrô de São Paulo.

Enquanto a retomada não se traduz em contratos, a Hyundai-Rotem tenta "criar oportunidades" apostando em serviços de manutenção. Além disso, uma estratégia adotada pela empresa é de usar a fábrica em Araraquara para atender a demanda de América Latina, dentro do Mercosul.

27/06/2017

 

Autor(a)
Victória Mantoan

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