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Setor de livros, entre 'meio cheio' e 'meio vazio'

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O mercado brasileiro de livros cresceu 4,59% em 2018, de acordo com a empresa de pesquisa Nielsen, somando vendas de R$ 1,863 bilhão. O setor resistiu à greve dos caminhoneiros, aos efeitos da Copa do Mundo e das eleições, e ao agravamento da crise financeira das duas maiores livrarias do país: Cultura e Saraiva. Parece um resultado muito positivo, mas para quem enxerga o "copo meio cheio", diz Marcos da Veiga Pereira, presidente do Snel, o sindicato das editoras de livros.

Quem vê o copo meio vazio vai observar que esse valor é nominal, ou seja, não inclui a inflação, cujo índice oficial foi de 3,75% no ano passado. Em volume, as vendas também não avançaram muito em relação a 2017. Foram vendidos 44,4 milhões de exemplares, um aumento de 1,32% ou pouco menos de 600 mil unidades. O mais preocupante é que em dezembro as vendas caíram tanto em volume (11,39%) quanto em receita (6,37%), o que indica uma tendência de queda para o início de 2019, bem diferente do que ocorreu no ano passado.

"O primeiro semestre de 2018 foi excelente, muito puxado pelos primeiros três meses do ano", diz Pereira, que também comanda a Editora Sextante. "O desafio é começar 2019 com as [grandes] redes [de varejo de livros] bastante debilitadas." A Saraiva tem uma dívida total de R$ 675 milhões; a Livraria Cultura, de R$ 285 milhões. Ambas estão em recuperação judicial e negociam com os credores.

O gargalo da distribuição, provocado pelas dificuldades financeiras das duas redes, é considerado o problema mais crítico pelas editoras atualmente. A concentração de mercado em torno dessas marcas é tão grande que fica difícil encontrar alternativas de curto prazo. Para algumas editoras, Cultura e Saraiva podem representar de um terço a 40% de todas as encomendas.

"As livrarias médias estão capturando parte dessa demanda, mas os volumes são muito díspares [em comparação com as maiores]", afirma Pereira.

O comércio eletrônico, outra alternativa, vem ocupando papel cada vez mais relevante ao oferecer serviços e comodidade ao usuário, diz o presidente do Snel, mas não consegue substituir integralmente a experiência que o consumidor tem ao vasculhar uma loja física.

"A livraria é muito importante porque traz novidades", afirma Pereira. Andar pelos corredores de uma loja permite ao leitor descobrir - e eventualmente comprar - obras que ele não procurava ou nem sabia que existiam. Cabe à cadeia de fornecimento aproveitar essa oportunidade para atrair a atenção do público, diz o presidente do Snel. "Em palestras, tenho repetido que desde a capa e o título até os textos da orelha e da 4ª capa são fundamentais."

Um dos fatores de maior impulso ao negócio dos livros no ano passado, segundo a pesquisa da Nielsen, foi a redução dos descontos concedidos pelos varejistas ao consumidor. No ano passado, o desconto médio foi de pouco mais de 19% sobre o valor de capa, com redução de mais de quatro pontos percentuais em relação a 2017.

"Esse é um indicador da saúde da indústria do livro", diz Pereira. "São pontos de margem que as livrarias estavam entregando e que não tinham para entregar. Vendiam sem margem. Ter prejuízo nas vendas é insustentável."

O preço médio do livro no Brasil aumentou 3,23% em 2018, abaixo da inflação. O valor subiu de R$ 40,69 para R$ 42,01. Os livros infantis, juvenis e educacionais ficaram 6,34% mais caros, chegando a R$ 40,73. Em seguida vieram os de "não ficção especialista", que reúnem livros técnicos e universitários, com aumento de 2,20%, para R$ 62,95. Os de ficção aumentaram 1,02%, para R$ 32,84; e os de "não ficção trade", ou obras gerais, tiveram uma variação pequena, de 0,45%, para R$ 36,90.

Autor(a)
Por João Luiz Rosa

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