Clube e empresa negociam contrato e tentam resolver impasse para venda de 90% das ações da associação. Acordo com Rezende-Roriz pode dificultar negócio; entenda
06/11/2024
Após a aprovação da constituição de uma Sociedade Anônima do Futebol pelos associados, o Tupi entra em uma nova fase para se tornar uma SAF. O clube negocia os termos contratuais com a Magnitude Investimentos e Participações para a venda de 90% das ações da associação para a empresa do Rio de Janeiro.
O ge apurou alguns dos tópicos que estão em discussão. Apesar de haver impasses entre as partes, clube e companhia estruturam um acordo com aporte inicial milionário da empresa, construção de um Centro de Treinamento e a utilização do Estádio Salles Oliveira como trunfo para viabilizar a entrada do Alvinegro no regime de Recuperação Judicial para reorganizar as dívidas da associação.
No entanto, o fato do estádio que fica em Santa Terezinha ser objeto de um acordo vigente entre Tupi e Construtora Rezende-Roriz pode dificultar as tratativas atuais com a empresa do Rio de Janeiro.
Aporte inicial de R$ 10 milhões
A Sociedade Anônima do Futebol do Tupi nasceria com um aporte inicial de R$ 10 milhões. O dinheiro seria utilizado para reestruturar o departamento de futebol para a temporada 2025, quando o clube vai disputar a Segunda Divisão do Campeonato Mineiro.
Além disso, é desejo — e necessidade — do Alvinegro restabelecer as categorias de base para abastecer o profissional, retomar a formação de atletas e conseguir outras fontes de receitas no futuro com a negociação de jogadores.
Novo CT e aportes futuros
Um dos termos em discussão entre Tupi e Magnitude Investimentos e Participações é relativo à construção de um Centro de Treinamento em um período de três anos após a assinatura do contrato.
O ge apurou que, paralelamente, é negociado um aporte total de R$ 30 milhões em cinco anos a ser feito pela empresa, valor já somado os R$ 10 milhões iniciais.
No entanto, ainda não há confirmação se estes R$ 20 milhões excedentes já estariam inseridos no custo do Centro de Treinamento ou seriam aportes adicionais, à parte.
Estádio é trunfo para Recuperação Judicial, mas acordo com construtora pode ser entrave
Além da constituição de uma SAF, os associados do Tupi também aprovaram a entrada da agremiação em Recuperação Judicial, regime legal que permite que uma empresa em dificuldades financeiras reestruture o pagamento de dívidas e evite a falência.
Com isso, existe o entendimento entre as partes de que o Estádio Salles Oliveira, em Santa Terezinha, é peça-chave para viabilizar com que a SAF arque com o programa e amortize a dívida da associação.
A praça esportiva tem valor imobiliário estimado em torno de R$ 11 milhões. A dívida geral do Tupi é de aproximadamente R$ 20 milhões.
No entanto, o acordo vigente entre Tupi e Construtora Rezende-Roriz pode ser um entrave para que o Salles Oliveira seja objeto de acordo entre Tupi e Magnitude Investimentos e Participações.
O acordo entre clube e construtora prevê que a Rezende Roriz construísse um novo Centro de Treinamento para o clube, que cederia o Salles Oliveira, em Santa Terezinha, à empresa.
No entanto, como o Tupi tem dívidas trabalhistas e nas esferas tributária e previdenciária, a Justiça não permitirá que o clube se desfaça do patrimônio, que é uma garantia para os credores como objeto de penhora. Assim, para que o acordo seja sacramentado, a empresa precisa pagar as dívidas para que o estádio do Tupi possa ser repassado a ela.
A Rezende-Roriz efetuou pagamentos de dívidas trabalhistas do Tupi, inclusive para evitar penhoras do Salles Oliveira, como em novembro de 2023.
Sócio-diretor da construtora, Marcus Vinícius Rezende confirmou ao ge que o acordo com o Tupi está vigente e disse que “acredita na honestidade e na lisura dos dirigentes do Tupi”.
Impasse entre Tupi e Magnitude Investimentos e Participações
A proposta de compra da SAF foi enviada pela Magnitude Investimentos e Participações ao Tupi na última sexta-feira. No entanto, alguns termos desagradaram ao clube.
Segundo a apuração do ge, o clube entende que alguns custos e multas estabelecidas na proposta são pouco isonômicos e responsabilizam e penalizam mais o Tupi do que a empresa em caso de quebra de contrato. Estes temas foram discutidos na Assembleia Geral, e os associados tiveram a mesma impressão da diretoria executiva.
Desta forma, as partes tentam chegar a um entendimento sobre estes tópicos para avançarem nas tratativas
Imagem Matéria original: Santa Terezinha pode ser utilizado pelas partes na Recuperação Judicial do Tupi — Foto: Bruno Ribeiro