Em junho deste ano, o Grupo Paquetá, do Rio Grande do Sul, ingressou em um processo de Recuperação Judicial (RJ). O pedido foi realizado no final do mesmo mês na comarca de Sapiranga, local da sede da empresa, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Com mais de sete décadas no mercado, o grupo gaúcho possui 11 indústrias ao redor do Brasil, mais de 140 lojas e 86 franquias. Entre as principais marcas do Paquetá estão a Capodarte e a Ortopé. Também fazem parte do grupo a Gaston, Paquetá, Ateliermix, Paquetá Esportes, Esposende e Dumond. Juntas, as empresas fazem o grupo faturar mais de R$ 1,3 bilhão por ano.
As dívidas do Grupo Paquetá
O grupo do setor calçadista realizou o pedido de recuperação judicial com uma dívida que gira em torno de R$638,5 milhões. Em entrevista à RBS TV, o porta-voz do processo de RJ e advogado do Grupo Paquetá, Márcio Carpena, acredita que o grupo receba, com o processo, capitalização e investimentos para mudar a sua situação econômica e crescer nos próximos anos.
Ainda assim, o advogado deixa claro que o plano que está sendo elaborado prevê o pagamento de apenas alguns credores. Desde junho, a empresa conta com um prazo de 60 dias para apresentar um plano de recuperação. Caso algum credor não aceite, é aberta uma assembleia geral de credores para debater as condições.
Cortes de gastos
A situação delicada do Grupo Paquetá resultou num processo de enxugamento de gastos. As empresas do grupo demitiram mais de 600 dos 10.250 funcionários só em 2018. Além disso, as unidades da Argentina e da República Dominicana foram desativadas.
Desde o deferimento da RJ, não ocorreram nem espera-se demissões em massa novamente. Ainda assim, o grupo não descarta a possibilidade de venda de ativos e até mesmo de parte do negócio. O principal alvo para vendas até então é a rede de varejo Paquetá do Nordeste.
"Ativos e acesso a crédito"
A situação, entretanto, parece ser promissora. A recuperação judicial do Grupo Paquetá está sendo equiparada aos processos das gigantes Avianca, Livraria Cultura, Saraiva e Editora Abril. Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, o advogado Cláudio Montoro evidencia as diversas possibilidades de sucesso desse e de outros processos de reestruturação financeira: “[esses] grandes grupos têm ativos, acesso a crédito, caixa e mais alternativas para evitar ou adiar o processo”.
Esses casos são “promissores” e, no caso do Paquetá, pode ter um final positivo, que é o intuito da recuperação judicial. Segundo Montoro, a situação seria diferente se o grupo fosse menor: “Entre as micro, pequenas e médias empresas, que são a maioria do mercado, as opções [de possibilidades de negociações] são mais escassas. Boa parte já quebrou ou se adaptou”.