O Evento proposto pela TMA, “One Day Seminar”, no painel: Futebol como
Investimento, realizado no dia 26 de abril de 2022, das 11h00 às 12h15, teve, como foco, a reflexão sobre algumas questões, destacando-se:
1- O Brasil tem o mesmo potencial de transformação do futebol como aconteceu na Europa, principalmente no que diz respeito à captação de
investimentos expressivos?
2 - Como a SAF (Sociedade Anônima do Futebol), a partir da nova alteração legislativa (Lei 14.193/21), pode ajudar o futebol brasileiro a atrair investidores?
3 - Quais os perfis de investidores para o futebol, e quais as vantagens de se investir nesse negócio?
Iniciando as reflexões, foi destacado o potencial que o “Mundo dos Esportes” tem dentro da lógica de investimentos, dando destaque para a “desigualdade” entre a potência que os times europeus possuem hoje frente aos times sul-americanos, mesmo considerando o tamanho do mercado brasileiro – que é considerado maior mercado de formação mundial de jogadores.
Como elemento comparativo, citou-se a compra de grandes jogadores, por clubes europeus, sendo que, por mais que tais negócios tenham envolvido elevadas cifras, apenas as vendas de camisa desses novos jogadores suportaram todo o custo da operação, tendo ainda gerado algum lucro/superávit.
A evolução do potencial desses clubes europeus decorreu de décadas de transformação, sendo que:
- Portugal e Espanha apresentaram mudanças similares;
- a Alemanha promoveu mudanças próprias (forma como foram constituídas as associações e a participação de capital provado);
- a Itália buscou investidores locais para comprar as associações e criarem clube-empresas;
- e, o futebol inglês, com a Premier League, onde, desde os primórdios, focou na constituição de empresas.
Todavia, deve-se ter um cuidado ao comprar o futebol europeu com o do Brasil (e o sul-americano como um todo), ainda dentro do tema dos investimentos.
E isso porque não se pode deixar de considerar elementos culturais e socioeconômicos de cada ambiente.
Apenas para melhor reflexão, cita-se a diferença basal do mercado consumidor, destacando para o sul-americano em geral, um mercado ainda doméstico (torcedor não internacionalizado), e que ainda possui uma renda média menor do que a do consumidor europeu.
Dentro dessa realidade, refletindo sobre a recém alteração legislativa, com a instituição da SAF, pode-se pensar em um potencial evolutivo para os investimentos no futebol nacional, com a diminuição dessa desigualdade frente ao futebol europeu, a partir de alguns fatores, podendo-se citar:
- Segurança Jurídica decorrente da SAF, pela condição de acionista decorrente da aplicação da Lei das SAs;
- Sobre o diploma, pode-se ressaltar ainda se tratar de uma legislação enxuta, que prevê a reestruturação das dívidas (regime centralizado de execuções), regime tributário diferenciado, com a possibilidade de até a propositura de processos de reestruturação (Recuperação Judicial);
- E a alteração legislativa implicará, ao menos em expectativa, na melhora da capacidade de gestão dos antigos clubes que deverão seguir as novas normas, sob pena das sanções dela e do sistema decorrentes;
Sobre os investidores, revisitou-se, a partir da Lei Pelé, uma “onda” de grupos que começaram a investir no país, mas que acabou não avançando em razão da insegurança jurídica.
Nesse sentido, a partir da pretensa segurança jurídica, a expectativa é a de que haja um “chamariz” para novos investidores, o que venha a capacitar os clubes a investirem melhor na formação de jogadores, e evoluírem ainda mais nesse mercado, gerando novas receitas, e atraindo novos investimentos.
Além disso, há grande expectativa da formação da Liga – o que implicará no aumento do faturamento dos clubes -, além do trabalho interno de alguns clubes nacionais de ampliação de seu mercado consumidor (torcedor), até mesmo pela busca deles fora do mercado doméstico (globalizar as marcas, como a seleção brasileira).
[E tudo isso, ainda dentro de uma expectativa de tornar o futebol ainda mais um “espetáculo de entretenimento” do que já é.