Processo de recuperação judicial foi suspenso pela segunda vez pela Justiça; empresa foi alvo de operação do Ministério Público que apura lavagem de dinheiro e estelionato
02/02/2024
A 123milhas teve seu processo de recuperação judicial novamente suspenso pela Justiça de Minas Gerais recentemente e, nesta quinta-feira (1º), os diretores da empresa foram alvos de uma operação do Ministério Público de MG que investiga crimes de estelionato e lavagem de dinheiro. Nada disso, no entanto, significa que a empresa faliu.
O processo de recuperação judicial é um mecanismo buscado pelas empresas endividadas para, justamente, evitar a falência. Ao longo deste processo, as cobranças por parte dos credores são suspensas e é negociado um plano de ação para quitar os débitos. Se, ao final do processo, a empresa não entrar em acordo com os credores, a Justiça pode declarar falência à empresa.
Contudo, esse processoacaba de ser suspenso pela segunda vez. A juíza Claudia Helena Batista, da 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, decidiu na quinta-feira (25) que a paralisação da ação seguirá até que o Tribunal decida quem serão os administradores judiciais do caso.
A decisão partiu de um pedido do Banco do Brasil, o maior credor da empresa de turismo, pela substituição de dois dos três escritórios nomeados pela magistrada para atuarem como administradores no caso. O BB apontou falta de estrutura, experiência e expertise dos escritórios nomeados inicialmente.
O pedido foi aceito pelo desembargador Alexandre Victor de Carvalho, mas os escritórios substituídos — Inocêncio de Paula Advogados e Brizola e Japur Administração Judicial — recorreram da decisão. Os recursos serão julgados agora por uma turma do TJMG, ainda sem data marcada.
Na primeira vez, a ação ficou parada entre os meses setembro e dezembro, enquanto o resultado da constatação prévia da situação financeira da companhia não era divulgado.
Operação do Ministério Público
Pela manhã desta quinta, o MPMG deu início a uma operação que teve como alvos os diretores da empresa 123milhas e Maxmilhas. A "Operação Mapa de Milhas" investiga crimes de estelionato e lavagem de dinheiro.
Foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão nas residências dos diretores e nos escritórios da empresa.
"Os mandados de busca e apreensão foram requeridos para apurar a prática de crimes de estelionato, por meio de associação criminosa, que causaram prejuízo milionário a milhares de pessoas em todo o país. A investigação busca, também, verificar a eventual prática de lavagem de dinheiro, mediante a utilização de estratégias financeiras e corporativas com o objetivo de dissimulação e ocultação de valores e bens", divulgou o MP em comunicado à imprensa.
Procurado pelo Valor, o grupo 123milhas disse que sempre se colocou à disposição das autoridades e forneceu documentos sobre suas operações.
"A empresa disponibilizou toda a sua documentação bancária, fiscal e contábil, assim como a de seus sócios, à Comissão Parlamentar de Inquérito das Pirâmides Financeiras. Os gestores da 123milhas estão, no momento, dedicados ao processo de recuperação judicial para quitar todos os débitos com os credores", informou a companhia por nota.
"O Grupo 123milhas reafirma seus preceitos de responsabilidade e transparência com clientes, credores e autoridades e aguarda mais informações do Ministério Público para prestar os esclarecimentos necessários", finalizou.