Acionistas controladores e o conselho de administração da Usiminas reúnem-se hoje para analisar o balanço da empresa, ainda em clima de discórdia total. O Valor apurou que poderá ser levado à mesa de discussões um pedido para que o atual presidente da siderúrgica, Rômel Erwin de Souza, renuncie ao cargo. A informação que circula nos últimos dias indica que todos os acionistas estariam descontentes com Souza, mas também não entram em consenso sobre sua substituição.
De acordo com fontes, a Nippon Steel & Sumitomo estaria disposta a aceitar a troca do executivo, mas desde que ela mesma indique o substituto. A Ternium - Techint quer a escolha de um executivo de mercado. Já os minoritários - o maior deles o empresário Lirio Parisotto, que hoje está na presidência do conselho, com o advogado Marcelo Gasparino - têm a mesma avaliação dos italianos.
À frente da Usiminas em caráter interino, Souza teria recebido, entre outras missões, a de vender ativos da empresa, mas não apresentou até agora propostas para a avaliação do conselho. Todavia, analistas observam que ante a disputa entre os controladores é difícil avaliar a capacidade de gestão do executivo e também qual tem sido o papel do conselho nesse processo.
De acordo com fontes, a troca no comando da empresa seria inclusive uma forma de sinalizar aos bancos que a Usiminas passará por uma reestruturação que implicará grandes mudanças em sua gestão. Somente assim a empresa conseguiria renegociar o pesado endividamento, que coloca a siderúrgica inclusive em possibilidade de ter de pedir a recuperação judicial. Suas dívidas com bancos comerciais alcançam R$ 4,3 bilhões e vencem até 2018. Conforme informou ontem o Valor, a empresa precisa de pelo menos R$ 900 milhões para sobreviver neste ano, em função do elevando endividamento e da incapacidade de gerar caixa.
O Ebtida da empresa, no entanto, está negativo há sete meses e nessa condição um aumento de capital, sem mudança na gestão da companhia, com um plano definido de negócios, seria inócuo, avaliam fontes. Até mesmo para que a empresa entre em recuperação judicial será necessário um consenso entre os acionistas, o que parece distante de ser uma possibilidade entre os controladores, seja qual for o tema.
Procurada, a Nippon Steel informou "não ter conhecimento nem comentário a fazer sobre o assunto". A Ternium declarou desconhecer o tema na pauta e que mudanças na gestão da Usiminas vão além da troca do CEO. Minoritários não comentaram.