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Acordo da Abengoa na Europa não envolve Brasil

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O acordo preliminar de reestruturação firmado pela Abengoa com credores e investidores na última semana, na Espanha, não terá impacto para os ativos da companhia no Brasil. Segundo duas fontes com conhecimento do assunto, mesmo a holding tendo negociado a transformação de parte da dívida em ações da empresa, no Brasil a estratégia continua sendo a venda de ativos em operação e construção, no âmbito da recuperação judicial.

Pelos termos do acordo, na prática, o grupo de investidores vai injetar € 1,17 bilhão (o equivalente a cerca de R$ 4,2 bilhões) na elétrica, além de conceder € 307 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) em garantias financeiras. Em contrapartida, investidores e credores vão deter entre 90% e 95% da companhia. O sucesso do acordo depende ainda da adesão de pelo menos 75% dos credores listados da Abengoa. A expectativa da administração da companhia é que o acordo final de reestruturação seja assinado até o fim de setembro.

"Estamos analisando o plano de reestruturação. De forma geral, qualquer financiamento que a empresa receba irá impedir a sua liquidação que é o objetivo de muitos dos credores", disse ao Valor uma fonte próxima aos credores da Abengoa na Europa.

Com relação ao Brasil, segundo outra fonte, a matriz espanhola indicou para a unidade brasileira que a subsidiária deve buscar uma solução própria. Ao mesmo tempo, a holding não pretende contar com receitas obtidas nas operações brasileiras.

O Valor apurou que Abengoa mantém negociações com a chinesa State Grid para a venda de linhas de transmissão em operação no Brasil. Não se sabe, no entanto, quais e quantos ativos estão envolvidos no negócio.

Com relação às linhas que tiveram as obras interrompidas, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já abriu processo de caducidade de algumas concessões. Tudo indica que o órgão recomendará a extinção dos contratos, que deve ser determinada pelo Ministério de Minas e Energia. Enquanto isso, a Abengoa tenta negociar indenizações pelos investimentos já realizados nessas obras.

A expectativa no mercado é que no fim de agosto, após o encerramento do recesso do judiciário no Rio devido à Olimpíada, a Justiça publique edital com aviso sobre o recebimento do plano de recuperação. Os credores, então, terão 30 dias para manifestar qualquer objeção ao plano. A operação brasileira da Abengoa possui dívidas da ordem de R$ 3,1 bilhões.

Autor(a)
Rodrigo Polito

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