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Agrenco adia reinício das operações

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SÃO PAULO - A Agrenco está enfrentando mais dificuldades do que previa para retomar suas atividades. A fábrica de biodiesel que a empresa constrói em Alto Araguaia, em Mato Grosso, está praticamente concluída, mas a falta de capital de giro para financiar a operação barra inclusive a aquisição de matérias-primas para alimentar a unidade.

A empresa, que pediu recuperação judicial em setembro de 2008 e tem dívidas de cerca de R$ 1 bilhão, iniciou o ano com a expectativa de que Alto Araguaia começasse a rodar no primeiro trimestre. Com as receitas obtidas a partir da estreia da planta, a ideia era começar a cumprir o acordo de pagamento dos credores e inaugurar a outra fábrica que está sendo erguida em Caarapó, Mato Grosso do Sul, até maio passado, o que também não foi possível.

São reveses até agora encarados com relativa tranquilidade pela Íntegra Associados, responsável pela gestão da Agrenco nesses tempos bicudos. E que já estão sendo combatidos por um novo presidente. Para o lugar de Marco Antonio de Modesti, que se tornou o principal executivo de uma companhia de alimentos no Nordeste, chegou Valdenir Soares, ex-Votorantim. E ele está animado.

"Sempre amassei barro", afirma. No setor de agronegócios, Soares, que completa 46 anos em julho, tem a experiência de ter ocupado durante anos cargos elevados na Citrovita, braço de suco de laranja da Votorantim que recentemente confirmou que negocia a fusão de suas operações com as da rival Citrosuco.

Os gestores da Agrenco estimam que, com um capital de giro de US$ 80 milhões, a companhia consegue voltar a operar. No acordo de parceria operacional fechado com a suíça Glencore, está prevista a possibilidade de um aporte emergencial de até US$ 50 milhões, por parte da múlti, para capital de giro. Os outros US$ 30 milhões são de responsabilidade da Agrenco, que negocia com os credores uma saída para irrigar o caixa.

Mesmo assim, pontua Soares, "é possível dizer que a entrada em operação da Agrenco não é mais apenas um plano, é uma realidade". Conforme ele, a sazonalidade da produção de grãos sinaliza que a maior demanda por capital de giro será em dezembro, mas a meta, evidentemente, é encontrar uma solução para o problema bem antes disso.

Pronta e funcionando, a fábrica de Alto Araguaia terá capacidade para esmagar 1 milhão de toneladas de soja por ano e produzir 600 toneladas diárias do biodiesel feito com a oleaginosa. As vendas desse biocombustível, que se tornou o foco da Agrenco após o pedido de recuperação judicial, poderão gerar um faturamento anual de R$ 800 milhões.

Soares visitou a planta mato-grossense na semana passada. Segundo ele, o alto escalão local está trabalhando, a unidade de esmagamento de soja está 100% pronta e a de produção de biodiesel deve ser concluída ainda nesta semana. A planta de cogeração de energia deverá ser terminada entre o fim de junho e o início de julho.

Na cogeração, o projeto prevê que um terço da energia seja usado pela unidade e dois terços sejam vendidos no mercado. A eletricidade pode ser produzida a partir de capim, bagaço de cana ou cavaco de madeira. Para a produção de capim, a Agrenco arrenda uma área de 30 mil hectares na região de Alto Araguaia.

A fábrica de Caarapó tem as mesmas características de Alto Araguaia, mas, grosso modo, a metade da capacidade de produção. Assim, quando estiver a pleno vapor será capaz de gerar um faturamento anual de cerca de R$ 400 milhões. Neste momento, a expectativa do presidente é que a planta sul-mato-grossense entre em operação até o fim deste ano.

Outra possibilidade que a Agrenco tem para obter recursos é a venda de ativos da subsidiária argentina, que também pediu recuperação judicial no país. No vizinho, a empresa conta com terminal portuário com armazéns e outras benfeitorias, além de dois conjuntos de armazéns remotos para a estocagem intermediária de grãos. "Há interessados", diz Soares.

Autor: Fernando Lopes

Fonte: Valor Econômico (10/06/2010)

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