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Agrenco não tem previsão para entregar balanços

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Mais de um mês após a suspensão da negociação de seus papéis na bolsa, a Agrenco divulgou ontem esclarecimentos ao mercado que mostram que a empresa continua com sérias dificuldades operacionais e financeiras.

No que se refere aos seus balanços, que não são divulgados desde o segundo trimestre de 2008 e que justificaram a suspensão do registro de companhia estrangeira imposto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), não há nenhuma novidade que leve algum alento aos minoritários que possuem os recibos de ações (BDRs), mas não podem negociá-los.

A empresa afirma que ainda aguarda o parecer da KPMG para os números referentes ao primeiro semestre de 2008. A Agrenco quer que a mesma KPMG avalie os resultados do segundo semestre de 2008 e do ano de 2009. Só com a entrega dos dois balanços anuais a CVM poderá liberar a negociação dos BDRs, e a empresa tem o prazo de um ano -até fevereiro de 2010- para entregá-los; se não o fizer terá o registro cancelado definitivamente. Nesse caso, os donos de BDRs deverão convertê-los em ações da empresa, listada na bolsa da Suíça.

Alvo de rumores, apesar de estar em recuperação judicial, os negócios com Agrenco cresceram muito nos últimos meses de 2009, com auge de R$ 54,3 milhões de média diária em dezembro. Quem não teve tempo de realizar lucros, está, no momento sem saída para negociação.

A KPMG ainda não respondeu à Agrenco se fará as auditorias do final de 2008 e de 2009 e, procurada pelo Valor, informou que não pode se manifestar sobre seus clientes. A Agrenco afirma que poderá contratar os serviços de outra empresa. A partir do momento em que for definido quem será o auditor desses períodos, a Agrenco diz ter condição de entregar, em 120 dias, os balanços em atraso. No entanto, para que os trabalhos sejam feitos, cabe lembrar que a análise do primeiro semestre de 2008 tem de estar concluída. Ou seja, não é possível ter qualquer previsão sobre quando os balanços serão entregues.

Do lado operacional, a empresa informa que não possui os US$ 30 milhões em capital de giro que se comprometeu a aportar em suas operações no contrato de parceria operacional firmado com a Glencore. Pelo acordo, a Glencore se comprometeu com US$ 50 milhões.

A Agrenco diz que não possui os recursos porque não conseguiu efetuar a venda de alguns de seus ativos e identifica "demora na liberação de recursos judicialmente bloqueados pelo término de fábricas". Enquanto não acha soluções para essa questão, a empresa também foi incapaz de cumprir com o compromisso assumido de colocar em operação a fábrica de Alto Araguaia, em Mato Grosso, em março. Segundo o comunicado, as chuvas em excesso também atrapalharam a execução. A Agrenco, agora, prevê o funcionamento da unidade apenas em junho. Com relação à unidade de Caarapó, no Mato Grosso do Sul, que estava prevista para operar em abril ou maio, não há nenhuma nova previsão.

A companhia diz que está cumprindo, até o momento, todas as obrigações da recuperação judicial. E se compromete, a partir de 12 de abril, a atualizar quinzenalmente em seu site informações sobre a empresa que, a partir de hoje terá como novo executivo-chefe Valdenir Soares de Oliveira, ex-Votorantim.

Por fim, informa que o Ministério do Desenvolvimento Agrário suspendeu por um ano a concessão de direito de uso do Selo Combustível Social para a comercialização de biodiesel produzido em Alto Araguaia, o que impede que a empresa participe de alguns leilões da ANP.

A Agrenco alega que não cumpriu obrigações contratuais por conta de dificuldades financeiras que a levaram à à recuperação judicial na qual ainda se encontra.

 

Autor: Ana Paula Ragazzi

Fonte: Valor Econômico (01/04/2010)

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