Na reunião com um grupo de credores da Oi, ontem pela manhã, a ministra da Advocacia-Geral da União (AGU), Grace Mendonça, garantiu que a solução para a operadora que está sob recuperação judicial envolverá todo o passivo da empresa, tanto público quanto privado. Foi um encontro para "tranquilizar" os credores privados de que não haverá privilégios para os acionistas da companhia, informou fonte da AGU. À tarde, Grace, que coordena o grupo de trabalho encarregado pelo presidente Michel Temer de encontrar saídas que sustentem a Oi no médio e longo prazo, reuniu-se com autoridades do governo envolvidas nas discussões para viabilizar uma solução de mercado para a companhia.
O assunto é, hoje, prioritário para a AGU e uma nova reunião do grupo ocorrerá na próxima terça-feira. Nesta, a expectativa é de que já se tenha um desenho da proposta do governo.
No início da noite, Grace esteve com Temer para atualizá-lo das negociações em curso para equacionar uma dívida de R$ 64 bilhões da Oi, sendo cerca de R$ 11 bilhões com a Anatel, R$ 20 bilhões com os bancos públicos federais e em torno de R$ 32 bilhões junto a credores privados.
O processo de recuperação judicial da Oi tem um marco importante na próxima segunda-feira, quando será realizada a assembleia geral de credores, em primeira convocação. Se não houver avanço com a aprovação do plano, uma segunda chamada está prevista para a sexta-feira seguinte.
É muito provável, contudo, que a data da assembleia seja adiada para que se tenha uma nova versão dos termos da recuperação judicial da companhia. O sucesso das negociações depende do aval dos credores ao plano de recuperação. Uma segunda versão do plano foi aprovada pelo conselho de administração da Oi na semana passada, mas não agradou.
Grace Mendonça recebeu o grupo de credores que mais tem criado embates com os acionistas envolvidos na elaboração do plano. Dois de seus representantes eram a Moelis & Company e G5 / Evercore, que prestam serviços a agentes financeiros que detêm títulos da dívida da Oi no exterior, chamados de "bondholders". Eles foram ao encontro acompanhados do FTI Consulting, assessor financeiro de agências e bancos internacionais de fomento que também são credores da operadora.
Nos últimos dias, esses grupos afirmaram que o segundo plano proposto pelos conselheiros da empresa ameaça a viabilidade da operadora no longo prazo e beneficia abusivamente os acionistas. Eles disseram que os acionistas detentores de "fundos abutres" não têm qualquer compromisso com a empresa ou com o país.
Os credores tiveram também reuniões com dirigentes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A agenda de compromissos cumprida em Brasília pelos agentes financeiros foi confirmada por fontes ligadas aos órgãos federais, mas não constou da agenda das autoridades envolvidas.
18/10/2017