Com o peso da recessão econômica sobre o consumo de serviços de telefonia, os resultados das principais empresas do setor no segundo trimestre tendem a manter as tendências operacionais dos três primeiros meses do ano, ou seja, sem melhora suficiente para indicar uma recuperação. Fatores como a revisão do modelo de concessão de telefonia fixa ou os desdobramentos da recuperação judicial da Oi têm sido mais decisivos ao influenciar as ações das teles.
A TIM divulga seus resultados hoje, após o fechamento da bolsa. A Telefônica Vivo apresenta seus números amanhã; a América Móvil, dona de Claro, Embratel e Net, na quinta-feira. A Oi deixa a apresentação de seu balanço para agosto, no dia 11.
A tendência é que a Vivo entregue os resultados mais resilientes do setor no período de abril a junho, segundo o Itaú BBA. A empresa tem a seu favor a liderança no segmento pós-pago, cujo gasto por cliente é mais alto e previsível que o pré-pago. A receita deve desacelerar 0,6%, na comparação com um ano antes, para R$ 10,49 bilhões, segundo a média de estimativas de cinco casas de análise consultadas pelo Valor (Credit Suisse, Itaú BBA, Citi, BTG Pactual e Morgan Stanley).
Já a margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) deve avançar 1,9 ponto percentual, para 29,6%, e o lucro líquido subir 5%, a R$ 955,4 milhões. A estratégia está voltada para rentabilidade e sinergias com a GVT, e não no crescimento de participação de mercado, diz o Itaú BBA.
A receita da Vivo deve subir no mesmo ritmo de janeiro a março, quando cresceu 0,6%, afirma o Credit Suisse. O segmento de telefonia móvel mostra vitalidade, mas acaba ofuscado pelas receitas menores em linhas fixas, principalmente depois do corte da tarifa de interconexão. Já os serviços fixos, que concentram mais tecnologia e têm mais valor, como banda larga de fibra e TV pela internet (IPTV), continuam a mostrar resiliência.
A competição se estabilizou no trimestre, mas os reflexos de ofertas com tarifas únicas em ligações de voz para uma mesma operadora ou suas concorrentes - oferecidos por TIM e Oi desde novembro - e a agressividade da Telefônica ao aumentar os preços dos planos adicionando mais internet podem ter um efeito 'gradual e duradouro' por todo o ano nas receitas do setor, afirma a analista Susana Salaru, em relatório do Itaú BBA.
Líder no segmento pré-pago - o que mais sofre com a perda de assinantes na crise econômica -, a TIM deve divulgar resultados pouco animadores, segundo o Itaú. O crescimento das receitas com internet móvel não impede a baixa de 12,6% nas receitas totais, para R$ 3,81 bilhões, segundo a média das cinco instituições consultadas, pois as receitas com voz continuam a cair. Os ganhos são esperados em R$ 133,8 milhões, ante R$ 944 milhões um ano antes, quando a empresa obteve R$ 918 milhões com a venda de torres.
"Esperamos que a administração da TIM anuncie novas metas para o plano de eficiência, com cortes de despesas mais profundos e indicações de redução de investimentos nos próximos anos", diz o analista Daniel Federle, em relatório do Credit Suisse.
No caso da Oi, a contração da receita líquida e do Ebitda serão menores que no primeiro trimestre, por uma base de comparação mais fraca, mas o restante das tendências não muda muito. "Esperamos outra substancial queima de caixa no trimestre, pois os mecanismos de recuperação judicial se tornaram efetivos apenas em julho", diz Federle. São esperadas margens estáveis no Brasil, na comparação com os trimestres anteriores, apesar da disciplina de custos.
No ano, o Ibovespa sobe 35%, as ações da Vivo avançam 38%, e as da TIM, 21%. Fora do índice, os papéis ordinários da Oi valorizam 45% e os preferenciais têm alta de 29% em 2016