Alvo da Operação Bullish, os investimentos da BNDESPar, braço de participações do BNDES, na JBS totalizaram, direta ou indiretamente, R$ 8,1 bilhões entre 2007 e 2009.
Os aportes da BNDESPar na JBS faziam parte daquela que ficou conhecida como a "política das campeãs nacionais", estratégia do banco estatal que visava a impulsionar companhias de setores nos quais o Brasil pudesse ter relevância global. A cadeia produtiva de proteínas animais era um desses setores.
Além da JBS, a BNDESPar investiu nos frigoríficos Bertin, Marfrig e Independência. O Bertin quase foi à bancarrota e foi incorporado pela JBS, em uma operação no qual a BNDESPar aumentou sua fatia na JBS. O Independência quebrou, pediu recuperação judicial e, no começo de 2013, também foi vendido à JBS.
De longe, a JBS foi a empresa do setor frigorífico mais apoiada pelo BNDES no período da política das campeãs nacionais. A empresa dos Batista concentrou 85% dos investimentos do banco no setor, conforme o Valor mostrou em longa reportagem em 20 de julho de 2012.
O primeiro aporte foi em junho de 2007. Na ocasião, a BNDESPar investiu R$ 1,13 bilhão no capital da JBS, pagando R$ 8,15 por ação. Os recursos foram usados na aquisição da americana Swift. Em 2008, o banco investiu R$ 988 milhões em um aumento de capital, a R$ 7,07 por ação.
Os maiores investimentos feitos pela BNDESPar na JBS ocorreram em 2009, quando o banco estatal aceitou subscrever R$ 3,5 bilhões em debêntures conversíveis em ações. O montante foi direcionado à aquisição da americana Pilgrim's Pride, empresa de carne de frango.
À época, o apoio para a JBS comprar a Pilgrim's foi visto como uma forma de a JBS aceitar assumir o frigorífico Bertin, que estava nocauteado em pé - assolado por má gestão e pela crise econômica global. Em 2008, o BNDES havia investido R$ 2,5 bilhões no Bertin, e corria o risco de perder parte desses recursos. Desse modo, o Bertin foi incorporado pela JBS. A BNDESPar, então, recebeu 250,2 milhões de ações da JBS em troca da fatia que tinha no Bertin.
Pelos termos das debêntures emitidas em 2009, a JBS deveria fazer o IPO da subsidiária JBS USA nos EUA, mas as condições de mercado não eram favoráveis e a empresa desistiu. Sem o IPO, a JBS pagou multa à BNDESPar em 2011. Nesse processo, o banco também converteu as debêntures em ações da JBS no Brasil. Essa é uma das operações investigadas no âmbito da Bullish.
A BNDESPar, que hoje tem 21,31% do capital da JBS, já chegou a ter mais de 30%. No fim de 2012, porém, a BNDESPar transferiu uma fatia de 10% para a Caixa Econômica Federal, em uma operação controversa de "contabilidade criativa" realizada pelo Tesouro para capitalizar a Caixa - que atualmente tem 4,9% da JBS. A FB Participações, veículo por meio do qual a J&F controla a JBS, detém uma participação de 44,1%.