Sem conseguir cumprir o plano aprovado em janeiro do ano passado, a Arantes Alimentos discute hoje com seus credores um novo plano de recuperação judicial. A principal diferença entre o plano antigo e o que será proposto é a reorganização societária e administrativa da empresa e a alienação de unidades produtivas de forma isolada. As dívidas do Arantes envolvidas na recuperação judicial são estimadas em cerca de R$ 1,1 bilhão.
De acordo com a proposta preliminar, que pode ser alterada na assembleia de hoje, os ativos e os passivos serão transferidos pelo Grupo Arantes a uma sociedade anônima a ser constituída, a "Nova Arantes".
Os bens do grupo serão divididos em quatro partes, compostas pelo que está sendo chamado de Unidades Produtivas Isoladas (UPIs). Parte dessas unidades será leiloada e os recursos obtidos com a venda nos leilões terão destinação específica para pagamento dos diferentes grupos de credores. A UPI composta pelas plantas industriais de Nova Monte Verde, Hans e Éder será conferida ao capital da Nova Arantes e a as plantas de Jataí e Pontes e Lacerda permanecerão com o Grupo Arantes e serão arrendadas à Nova Arantes.
O plano prevê, além da venda de ativos, a emissão de debêntures para pagar os credores, no valor de até R$ 120 milhões. Segundo a proposta, a Nova Arantes emitirá no prazo de até seis meses a partir da aprovação do plano, debêntures e bonds que poderão ser subscritos pelos credores com garantia real, quirografários e também credores não sujeitos à recuperação.
O plano original, que não foi cumprido, previa a obtenção de recursos por meio de empréstimos de instituições financeiras e venda de ativos, mas não mencionava a destinação específica dos recursos. Também previa a emissão de debêntures conversíveis em ações, mas não bonds.
Apesar das dificuldades das empresas para cumprirem os planos de recuperação judicial, Luciano Vacari, superintendente da Acrimat, diz esperar que o Frialto, cujo plano de recuperação foi homologado este mês, consiga retomar todas as operações e restabelecer a confiança dos pecuaristas credores. O grupo, com sede em Sinop (MT), pediu recuperação judicial em maio de 2010 e tem dívidas de R$ 564 milhões.
O plano do Frialto foi aprovado por 50,24%, dos presentes em assembleia de credores no dia 16 de dezembro. Na classe dos quirografários, que inclui pecuaristas, a aprovação foi de 99% e entre os trabalhistas, de 100%. Apenas 40% dos credores com garantia real - inclui instituições financeiras - concordaram com o plano.
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Fonte: Valor Econômico (20/01/2011)