Os credores da Arantes Alimentos aprovaram ontem um novo plano de recuperação judicial da empresa que prevê a realização de leilões para venda de ativos da companhia e uma redução de 85%, em média, das dívidas que somam R$ 1,1 bilhão.
A assembleia, em São José do Rio Preto (SP), aprovou também a reorganização societária e administrativa da empresa e a transferência de ativos e passivos do grupo Arantes para uma sociedade anônima a ser constituída, a "Nova Arantes".
Os recursos provenientes da venda dos ativos leiloados terão destinação específica para pagamento dos diferentes grupos de credores, incluindo trabalhistas.
Os credores das diferentes categorias (quirografários e com garantia real) receberão ainda percentuais entre 13% e 17% do que lhes é devido pela Arantes, de acordo com Thomas Felsberg, advogado da Arantes. O desconto médio concedido por eles para a dívida foi de 85%. Os débitos serão pagos no prazo de 10 anos. Os juros começarão a ser quitados a partir do sexto ano e o principal no décimo ano, a contar da aprovação do plano, informou Felsberg. Os pecuaristas estão incluídos entre os credores quirografários.
Em caso de venda da "Nova Arantes", formada pelos ativos da Hans, Eder e três frigoríficos de carne bovina (Monte Verde, Jataí e Pontes e Lacerda), os credores também receberão uma participação, explicou.
Conforme o plano, essas unidades de produção continuarão a ser operadas pela empresa.
Os credores também aprovaram a proposta de emissão de debêntures e bonds, até R$ 120 milhões, pela Nova Arantes. Segundo a proposta, a companhia emitirá no prazo de até seis meses a partir da aprovação do plano, debêntures e bonds que poderão ser subscritos pelos credores com garantia real, quirografários e também credores não sujeitos à recuperação.
O plano teve a aprovação de 57% dos credores quirografários, considerando o tamanho do crédito, e de 62% dos com garantia real, de acordo com o advogado da Arantes. Todos os credores que não estavam na recuperação judicial, mas que aderiram ao plano, votaram por sua aprovação, segundo Felsberg.
A Arantes Alimentos pediu recuperação judicial em janeiro de 2009, e o primeiro plano foi aprovado em janeiro do ano passado.
Autor: Alda do Amaral Rocha
Fonte: Valor Econômico (21/01/2011)