O governo argentino estuda uma forma de ajudar a Impsa a manter as atividades. Com sede em Mendoza, a fabricante de turbinas para geração de energia, com negócios no Brasil, anunciou esta semana que não poderá pagar as dívidas que vencem este mês.
Numa entrevista à Rádio del Plata, uma emissora local, a ministra da Indústria, Debora Giorgi, disse ontem que sua pasta e o Ministério da Economia estudam uma solução "que permita manter os postos de trabalho, a qualidade produtiva e que preserve os interesses do Estado".
A empresa que representa a maior atividade do grupo dirigido pelo empresário Enrique Pescarmona se deu mal nos negócios no Brasil e na Venezuela. Segundo reportagem publicada pelo Valor no dia 5, fonte do setor explicou que o problema no Brasil tem origem no atraso no recebimento de receita de um empreendimento eólico da Energimp, de mais de 200 MW, em Santa Catarina, no âmbito do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa). O repasse dos recursos, que deveria ter sido feito pela Eletrobras em junho de 2011, só aconteceu em dezembro do ano passado, após determinação da Justiça.
A demora afetou não só o fluxo de caixa da Impsa como seu modelo de negócios, que consiste em construir os parques eólicos e vendê-los após entrar em operação. Para tentar equacionar a situação, a empresa colocou seus parques eólicos no Brasil à venda.
Outro problema foi a falência da subsidiária Wind Power Energia (WPE), fabricante de aerogeradores instalada em Pernambuco. Em agosto, a Impsa conseguiu, ao pagar uma dívida, obter a revogação da falência. Mas o caso gerou ruído no mercado eólico brasileiro.
Segundo fontes, as outras duas áreas de negócio da Impsa no Brasil - fornecimento de turbinas hidrelétricas e fabricação de aerogeradores - não estão à venda e continuam operando. Antes de anunciar, em Buenos Aires, que não poderá pagar as dívidas, por meio da Comissão Nacional de Valores, a empresa mantinha expectativa em dois grandes contratos de fornecimento de aerogeradores para parques eólicos de Furnas.
Segundo noticiado pela imprensa argentina, as negociações com o governo começaram há alguns dias e podem envolver a injeção de recursos públicos em troca de ações da empresa. Desde que o próprio país entrou em "default" em 30 de julho, a Impsa é a primeira empresa argentina que pode seguir o mesmo caminho.