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Até maio, Oi teve lucro no negócio móvel

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Apesar dos percalços financeiros que levaram a empresa a pedir recuperação judicial, a Oi mantinha até o fim de maio a lucratividade da sua operação móvel. Demonstrações de resultado apresentadas pela companhia à Justiça (como parte do pedido) indicam que a Oi Móvel acumulou lucro consolidado de R$ 210,6 milhões nos primeiros cinco meses do ano. Já a Telemar Norte Leste, concessionária do serviço de telefonia fixa, registrou no mesmo período prejuízo de R$ 1,02 bilhão. Ao contrário do que fazem supor os números, o maior atrativo da operadora é sua infraestrutura fixa, especialmente os 363 mil quilômetros de fibra óptica instalada.

Entre janeiro e maio deste ano, a receita operacional bruta da Oi Móvel somou R$ 7,17 bilhões. Mesmo assim, um analista de telecomunicações que trabalha para um grande banco não enxerga vantagem numa cisão da Oi Móvel, com a separação da operação celular numa empresa. "A interoperabilidade com a rede fixa ajuda muito a operação móvel da Oi. É o que faz com que a telefonia móvel da Oi não tenha ido para o buraco", disse o especialista, referindo-se à complementariedade entre as redes. Nos cerca de 2 mil municípios brasileiros com população acima de 50 mil habitantes, a Oi só enfrenta a concorrência direta de grandes operadoras em 200.

O fato de a Oi investir pesado em ofertas convergentes - que combinam serviços de telefonia, acesso à internet e TV paga num mesmo pacote - não é visto pelo especialista como uma vantagem competitiva capaz de garantir, por si só, a sobrevivência da operadora. A recessão vivida pelo país atingiu em cheio o mercado de televisão por assinatura. Desde o fim de 2014, a base de clientes do serviço perdeu 669 mil assinantes, terminando maio num patamar de 18,9 milhões de acessos, de acordo com dados compilados pela consultoria Teleco.

Para Celson Placido, estrategista-chefe da XP Investimentos, mesmo se a companhia for bem-sucedida em seu processo de recuperação judicial, a hipótese mais provável é de que a Oi seja divida entre os outros três principais players do mercado brasileiro (América Móvil, Telefônica Vivo e TIM). Placido ressalta que, naturalmente, a concretização desse cenário dependeria de aval político do governo.

"Mesmo se a dívida fosse reduzida pela metade, o múltiplo EV/Ebitda da Oi ficaria em torno de 4,8", diz o estrategista. O múltiplo EV/Ebitda mede quanto tempo seria necessário para que a geração de caixa da empresa pagasse o valor da companhia, sendo que esse valor inclui a dívida. "O EV/Ebitda da Vivo projetado para este ano é de 5,9, mas não dá para comparar Vivo e Oi", pois a posição da tele espanhola é muito mais confortável, disse.

Procurada, a Oi informou que não comentaria o tema por estar atravessando o "período de silêncio" que antecede a divulgação dos resultados financeiros. Os dados estão previstos para serem divulgados ao mercado no dia 11. Ontem, a Oi informou, por meio de fato relevante, que está analisando o novo pedido de assembleia geral feito na sexta-feira pelo fundo Société Mondiale, ligado ao empresário Nelson Tanure.

Autor(a)
Rodrigo Carro

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