A Avianca Brasil, que está em recuperação judicial desde dezembro de 2018, atrasa o pagamento de salários de pilotos e comissários desde janeiro, de acordo com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA). Os funcionários da empresa ameaçam entrar em greve.
Após assembleia realizada ontem em São Paulo com funcionários da empresa, o sindicato fixou o dia 13 (quarta-feira) como limite para a Avianca Brasil se manifestar sobre os atrasos. Se não der uma resposta nesse prazo, uma nova assembleia será convocada para discutir a possibilidade de greve.
De acordo com o sindicato, além do salário, a empresa deixou de pagar diárias de alimentação, contribuição previdenciária e depósitos de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) dos comissários e pilotos.
Em fevereiro, a Avianca Brasil propôs um programa de licenças não remuneradas e um programa de demissão voluntária, com o objetivo de atingir 600 funcionários. A companhia informou que alcançou 193 adesões para o programa de licenças não remuneradas. A empresa empregava no fim de 2018 em torno de 5,3 mil pessoas.
Procurada pelo Valor, a Avianca Brasil informou que pagou ontem os salários referentes a fevereiro de "cerca de 1,4 mil colaboradores, priorizando aqueles com menor remuneração". "Os demais foram comunicados sobre o atraso e a empresa trabalha para que seu pagamento aconteça o mais rápido possível", informou em nota.
A situação da Avianca Brasil parece ter se deteriorado recentemente. Na madrugada de quinta-feira, um voo da empresa de Guarulhos (SP) para Miami, nos Estados Unidos, teve a rota desviada para San Juan, na ilha de Porto Rico. Em nota, a companhia informou que o avião "fez um pouso técnico", mas não detalhou o motivo da mudança de rota. De acordo com o site da TV Bandeirantes, a empresa não teria pago a taxa de sobrevoo cobrada por Cuba e, por isso, o avião foi impedido de sobrevoar o espaço aéreo do país.
Em fevereiro, o juiz Tiago Henriques Papaterra Limongi, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, determinou que a Copel deveria restabelecer o fornecimento de energia à empresa aérea, em uma indicação de que a companhia estaria atrasando o pagamento à empresa.
No mês passado, a Avianca Brasil informou à Justiça que assinou um termo de compromisso com os fundos de investimento Manchester Securities, Elliott Associates e Elliott International para receber um aporte de até US$ 75 milhões. Mas o aporte ainda não foi realizado.
Segundo fontes próximas, a Avianca Brasil prevê realizar no dia 10 de abril uma assembleia com credores, para que eles aprovem ou não o plano de pagamento das dívidas. Em dezembro de 2018, as dívidas somavam R$ 493,9 milhões. O plano da empresa inclui a captação de recursos dos fundos e a venda de parte da sua operação, com a criação de uma nova empresa.
Na segunda-feira, o colegiado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo vai julgar recursos movidos por empresas de arrendamento de aviões e motores. Essas credoras questionam a suspensão das ações judiciais e medidas administrativas que lhes permitiam recuperar aviões em uso pela Avianca Brasil. Se perder, a empresa terá que devolver 20 dos 43 aviões que usa atualmente, o que a deixará em uma situação mais complicada.
08/03/2019