Em recuperação judicial, empresa opera com 43 aeronaves, quase todas arrendadas, e briga na Justiça para mantê-las, mesmo com pagamentos atrasados
A Avianca Brasil, em recuperação judicial, informou ontem mudanças no comando da empresa. Jorge Vianna, um dos fundadores da OceanAir, assumiu o comando da companhia aérea, no lugar de Frederico Pedreira.
Vianna, no entanto, não será presidente da Avianca Brasil, mas sim diretor-geral - um cargo que não existia, até então. A empresa não terá mais presidente, segundo sua assessoria de imprensa.
A Avianca Brasil informou que Pedreira dará suporte à operação por alguns meses, na fase de transição. A companhia não informou se Pedreira permanecerá na companhia após esse prazo.
Pedreira estava à frente da Avianca Brasil desde abril de 2016 e era considerado braço direito dos irmãos Efromovich. Ele assumiu o comando no lugar de José Efromovich, sócio cofundador da empresa e que liderou a Avianca Brasil entre 2008 e 2016.
Jorge Vianna tem mais de 35 anos de carreira em posições de alta liderança - em 12 deles, como executivo no setor de aviação. O engenheiro, vice-presidente da OceanAir entre 2001 e 2009, também foi vice-presidente da Passaredo, onde ficou até 2014.
Em comunicado, a Avianca Brasil informou ainda que continua operando normalmente, com seus pousos e decolagens mantidos dentro do cronograma previsto. "Sob o comando de Jorge Vianna, a empresa segue focada em seu plano de recuperação judicial para garantir a continuidade de suas operações e a sustentabilidade do seu negócio", informou em nota.
A companhia obteve, no dia 4, decisão favorável na Justiça. O juiz Tiago Limongi, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, prorrogou para meados de abril o prazo para a aérea ficar com aviões que são alvo de disputas judiciais com credores. Dessa forma, ações na Justiça para retomada de aviões, como a movida pela Aircastle, ficam suspensas.
A agência de classificação de risco Moody's considerou que a decisão favorável à Avianca Brasil aumenta a exposição da Aircastle e de outras arrendadoras ao risco de perda de receita. De acordo com a Moody's, agência de classificação de risco de crédito, a Aircastle, a GE Capital Aviation Services (Gecas) e a Aviation Capital Group são as empresas com maior exposição aos riscos da Avianca Brasil.
Apesar do risco, a agência manteve nota Baa3, com perspectiva estável para a Aircastle. A Moody's considerou que a Aircastle é uma gestora de ativos com flexibilidade financeira e será capaz de gerenciar bem os riscos de perdas com o arrendamento à Avianca Brasil.
A Avianca Brasil opera com 43 aeronaves e arrenda quase todos os aviões de diferentes empresas. A Aircastle tem 11 aviões arrendados para a Avianca Brasil, respondendo por mais de 6% do valor contábil líquido da frota da companhia americana, de US$ 6,8 bilhões. A empresa briga na Justiça para retomar os aviões, porque a Avianca atrasou pagamentos. A Aircastle conseguiu retomar um avião antes que a Avianca Brasil entrasse em recuperação judicial.
Em dezembro de 2018, a Aircastle revisou sua estimativa de receita do quarto trimestre, para de US$ 182 milhões a US$ 184 milhões, ante previsão anterior de US$ 187 milhões a US$ 191 milhões, para refletir os aluguéis em atraso da Avianca no Brasil.
De acordo com a Moody's, enquanto a Avianca Brasil fica com os aviões, a Aircastle continua exposta à situação financeira frágil da aérea e retarda sua capacidade de entregar aviões a outros clientes que possam pagar pelo arrendamento. Além disso, a permanência com a Avianca Brasil só adia os custos que a Aircastle deve ter para retomar, manter e preparar os aviões para outras companhias aéreas.
12/02/2019