Projeto de viabilidade prevê que companhia se desfaça de 14 de suas 50 aeronaves para reduzir despesas e pagar credores
A viabilidade econômica da operação da Avianca Brasil nos próximos anos depende da venda de uma parte do seu negócio e da entrada do aporte de US$ 75 milhões vindo de fundos de investimento. A companhia, em recuperação judicial desde 10 de dezembro, também deve se desfazer de 14 das 50 aeronaves que mantém e reajustar a malha de voos para reduzir despesas e conseguir pagar seus credores.
As informações fazem parte do laudo de viabilidade produzido pela consultoria Galeazzi e Associados, ao qual o Valor teve acesso. A consultoria foi contratada pela empresa aérea no fim do ano passado, para ajudar no seu processo de reestruturação.
Como parte do plano de recuperação judicial, a Avianca Brasil pretende vender parte da sua operação, com a criação de uma "unidade produtiva isolada", uma espécie de empresa, que teria como capital social os direitos de pousos e decolagens ("slots") em aeroportos e aviões arrendados pela companhia. Para facilitar a venda, a nova empresa não herdaria dívidas da Avianca Brasil. Esta ficaria apenas com a operação relativa ao Programa Amigo, de fidelidade. O fluxo de caixa gerado por essa operação seria destinado ao pagamento de parte dos credores.
A nova empresa seria leiloada para a captação de recursos em até seis meses após a homologação do plano de recuperação judicial, que ainda precisa receber aval dos credores. A Eagle Consultoria e Avaliação de Ativos, contratada para fazer a avaliação da nova empresa, estimou o valor de venda em R$ 135 milhões.
De acordo com cálculos da consultoria Galeazzi e Associados, a nova empresa geraria no primeiro ano receita líquida de R$ 4,07 bilhões, com um lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e arrendamentos (Ebitdar) de R$ 924,7 milhões. A operação seria lucrativa, gerando resultado líquido de R$ 95,7 milhões.
Esses valores cresceriam nos anos seguintes, chegando a 2023 com um lucro líquido de R$ 224,4 milhões, um Ebitdar de R$ 970,7 milhões e uma receita líquida de R$ 4,16 bilhões.
O laudo também prevê a realização do aporte de até US$ 75 milhões, pelos fundos de investimento Manchester Securities, Elliott Associates e Elliott International - a Avianca Brasil ainda negocia a captação desse recurso.
De acordo com o laudo, a Avianca Brasil também precisaria reduzir a frota de aviões e reestruturar sua malha de voos. A consultoria usa no documento previsão de frota de 36 aviões, totalizando 235 voos diários, ante previsão anterior da companhia de uso de 38 aviões para 243 voos.
Quando entrou com o pedido de recuperação judicial, a Avianca Brasil informou que tinha 50 aviões. Em janeiro, a aérea informou que pretendia devolver 12 aviões a partir de março, reduzindo sua frota para 38 aeronaves. A empresa também anunciou o cancelamento de voos de São Paulo para Nova York, Miami e Santiago, reduzindo a oferta de voos diários de 264 para 243.
15/02/2019
Em relação ao mercado doméstico, a companhia informou que, a partir de abril, vai reduzir a frequência de voos entre Brasília e Juazeiro do Norte (CE). A rota passará de voos diários a dias alternados. A consultoria estima uma redução de 66 rotas para 52 até 2020, e corte do número de voos de 84.076 para 82.676 até o próximo ano, uma diminuição de menos de 2% no total de voos.
O laudo também considera a operação internacional apenas nos três primeiros meses da projeção financeira. A partir de abril, "há a previsão de devolução das cinco aeronaves Airbus A330, usadas para as rotas internacionais".