O Banco do Brasil está ampliando a sua estrutura da divisão de atacado para assessorar clientes a reposicionar suas finanças, com soluções incluindo fusões, alongamento de dívidas e recompra de papéis, em meio à grande crise econômica do país, disse um executivo da instituição.
O banco estatal tem 34 operações neste sentido em andamento e aproximadamente outras 50 estão em análise, incluindo algumas ações preventivas para empresas adimplentes, mas cuja posição financeira tem perspectiva de piora devido ao cenário econômico.
"Tem muita coisa entrando na esteira de renegociação neste primeiro semestre e algumas operações de fusão muito próximas de conclusão de negócios", disse à Reuters o vice-presidente de Negócios de Atacado do BB, Maurício Maurano.
A mudança na estrutura de atacado do BB vem em um momento em que a recessão no país e os efeitos da operação Lava Jato tem levado ao aumento dos níveis de inadimplência nos bancos.
Segundo Maurano, a maior parte das operações assessoradas pelo BB são de empresas ligadas aos setores industrial e de infraestrutura, todas clientes do banco.
Com a gradual desaceleração da economia e do praticamente fechamento do mercado de capitais para empresas do país, o BB realocou parte do time de atacado montado para assessorar operações como de captação de recursos com debêntures e ações para monitorar a situação financeira de empresas médias e grandes que são clientes do banco.
Além de buscar alternativas para empresas já inadimplentes com o BB, esses executivos estão contatando companhias alavancadas ou ligadas a setores econômicos mais fragilizados, já recomendando que se antecipem e vendam ativos que não sejam estratégicos.
"É uma abordagem mais preventiva", disse Maurano, explicando que um dos objetivos dessa iniciativa é evitar que companhias partam para recuperação judicial, situação da qual apenas uma pequena fração se recupera.
Segundo a empresa de análise de crédito Serasa Experian, os requerimentos de recuperação judicial de empresas atingiram 155 casos em fevereiro, sob impulso da recessão e de maiores custos financeiro aliados a um ambiente de incerteza econômica e política. O número foi quase quatro vezes o registrado em fevereiro de 2015.
De acordo com Maurano, também por causa desse contato prévio com empresas, o volume de transações de reestruturação tende a crescer nos próximos meses, passando a cair no segundo semestre diante da antecipação das operações.
O BB concluiu na semana passada uma reestruturação superior a 1 bilhão de reais da construtora e incorporadora Rossi Residencial, referente a uma dívida com BB e o Bradesco. O BB também coordenou nos últimos meses quatro operações de recompra de dívida.