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BB promete 'rigor' com créditos a receber da Oi

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O presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, afirmou que o banco vai atuar no sentido de suavizar perdas trazidas pelo pedido de recuperação judicial da operadora de telefonia Oi ao banco. "O Banco do Brasil usará de todo rigor para garantir seus créditos", afirmou ao Valor.

O Banco do Brasil é a instituição financeira com maior exposição à Oi, totalizando R$ 4,3 bilhões. Além disso, o banco tem uma exposição extra, não quantificada, em garantias prestadas à operadora para processos judiciais, que pode ser levado a honrar caso a Oi sofra derrotas na Justiça. Ao todo, os bancos somam juntos R$ 10,1 bilhões em garantias desse tipo.

Caffarelli afirmou que, por razões comerciais, não poderia detalhar características do crédito da instituição financeira para a Oi.

Questionado sobre o volume de provisões que a operadora exigiria do BB, Caffarelli disse que o banco "segue com rigor o que estipula a 2.682 [legislação bancária sobre provisões de crédito] e em alguns casos é mais rigoroso". Essa regra, porém, é mais explícita em casos de operações em atraso, o que ainda não é a situação da Oi. Em geral, os bancos adotam uma "regra de bolso" em que provisionam a exposição a empresas em recuperação judicial entre 30% a 50%.

Reportagem do Valor detalhou as características e o possível impacto que os empréstimos para Oi terão no balanço do BB. Segundo interlocutores que acompanham o tema, essa exposição está dividida em R$ 2,4 bilhões em crédito bancário tradicional, R$ 1,6 bilhão em debêntures e R$ 300 milhões em bônus externos da empresa que o banco mantém em sua tesouraria.

A questão, porém, é que, segundo essas fontes, a parte de crédito bancário dessa exposição, antes do pedido de recuperação, tinha apenas 3% de provisão separada pelo banco. Agora, com a recuperação formalizada, essa provisão saltaria para 30%, de acordo com fonte familiarizada com as práticas do banco.

Nas contas de analistas, isso traria um impacto potencial de cerca de R$ 650 milhões em despesas de provisão, bruta de impostos, no trimestre. Conforme a Oi detalhar seu plano de recuperação, e o processo avançar judicialmente, novas provisões devem ser exigidas do banco. As ações do banco foram fortemente impactadas pelo pedido de recuperação da Oi, e estiveram entre as principais quedas daquele pregão.

Em relatório, a agência de classificação de risco Moody's alertou não só para os efeitos negativos da Oi sobre o balanço dos bancos de uma maneira geral. "Nós estimamos que os credores da Oi não têm atualmente reservas o suficiente para cobrir suas perdas potenciais", escrevem os analistas. O aumento dos gastos com provisão para Oi também vai reduzir a rentabilidade dos bancos e até, potencialmente, drenar o capital das instituições, avalia a agência.

=Para a Moody's, parte da explicação para os baixos índices de provisionamento da empresa está na estratégia que os bancos têm adotado para reestruturar e renegociar empréstimos com companhias em dificuldades, reduzindo as perdas. A agência já havia publicado neste ano relatório em que alertou para o risco crescente de que algumas das renegociações feitas pelos bancos nos últimos meses voltassem a se tornar um problema, sendo usadas para mascarar índices de inadimplência - o que os bancos negam.

Segundo uma fonte ouvida pelo Valor, outra explicação é o fato de os bancos, até a renúncia do então presidente da Oi, Bayard Gontijo, no dia 10, apostarem em uma solução que não passasse pela recuperação judicial.

A equipe da Moody's pondera que as estruturas usadas por cada banco para emprestar recursos à companhia são diferentes, afetando o provisionamento que será requerido. A agência dá como exemplo o BNDES, que tem um empréstimo que usa o fluxo de recebíveis da Oi como colateral, o que reduz substancialmente o risco. Já no caso do Itaú Unibanco, afirmam os analistas, o Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) que a empresa tem com o banco pode ser comprometido no processo de recuperação judicial, caso o juiz determine que o banco não pode executar a garantia.

Autor(a)
Felipe Marques

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