Advogado da construtora não descarta venda ou fusão com outro grupo
O juiz da Segunda Vara Empresarial de Belo Horizonte, Sálvio Chaves, deferiu ontem a recuperação judicial pedida pela construtora Lider, que está há 42 anos no mercado e tem uma dívida de R$ 67,5 milhões. Alegando crise no mercado imobiliário para pedir a ação, agora, a empresa tem 60 dias para apresentar o plano de recuperação judicial em juízo. A decisão, em menos de 24 horas, baseou-se no artigo 47 da Lei nº 11.101/2005, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência. A decisão está sujeita a recurso de algum credor.
O juiz Sálvio Chaves determinou ainda a suspensão de ações ou execuções contra a construtora e pediu as relações de credores e de bens particulares dos sócios. Nomeou um administrador judicial e mandou intimar o Ministério Público Estadual para acompanhar a ação. O advogado José Murilo Procópio de Carvalho, que entrou com a ação, negou que o pedido de recuperação seja um golpe da construtora. "É um favor legal que a lei dá ao empresário. Eles lutaram até o último momento. Se não entram (com o pedido na Justiça) e deixam a coisa rolar, vai para uma falência", disse.
De acordo com Murilo de Carvalho, os donos podem até colocar a construtora à venda. "A tendência é essa. Para fazer caixa", afirmou. A empresa também pode fazer uma fusão. "Já tem gente interessada", disse. Com a entrada da recuperação onde tem que expor ativos e passivos, Murilo de Carvalho disse que o processo fica mais claro para uma empresa vir a se associar.
A Lider não pode paralisar nenhuma obra porque isso é uma das condições da recuperação judicial - a da manutenção das obras. "Os lançamentos previstos para 2012 estão sendo replanejados", disse o presidente da construtora, Carlos Carneiro Costa.
O presidente da Câmara do Mercado Mineiro (CMI/Secovi), Ariano Cavalcanti disse que o caso é pontual, de uma construtora importante. Para ele, a recuperação judicial dá à empresa um tempo para se reorganizar e retomar a sua posição no mercado. "Nos últimos 30 anos, o percentual de imóveis não entregues foi de menos de 1% em Belo Horizonte. Temos um cenário de absoluto sucesso e credibilidade no mercado".
O presidente da Câmara da Construção Civil da Fiemg, Teodomiro Diniz, disse que o caso da
Lider configura-se como um problema específico. "O mercado é extremamente sólido e o risco de as famílias terem problemas, como foi no caso da Encol, é zero. Se a Lider não conseguir a recuperação, cada empreendimento tem vida própria e outras construtoras assumem", disse.
Autor: Helenice Laguardia
Fonte: http://www.otempo.com.br (24/04/2012)