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Com menos receita, teles diminuem investimento

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A receita líquida das seis principais operadoras de telecomunicações atingiu R$ 62,9 bilhões no primeiro semestre, uma queda de 3,6% em comparação a um ano antes. Desse bloco de empresas, Claro e Oi registraram prejuízo, enquanto Vivo, TIM, Algar e Nextel apresentaram lucro.

A média da margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de cinco empresas (a Nextel não informou esse resultado) ficou praticamente estável, passando de 28,74% no ano passado para 28,88% em 2016. A Oi teve a maior queda, de 4,2 pontos percentuais (para 24,1%), e a Vivo ficou com a maior alta, de 3,8 pontos (33,4%), descolando-se da Claro (27,6%). As duas empresas estavam empatadas no ano passado, com margem de 29,6%.

O conjunto das empresas investiu R$ 7,67 bilhões nos seis meses, 6,5% menos que em igual período de 2015. A Telefônica Brasil, dona da marca Vivo e maior empresa do setor no país por receita, liderou os investimentos, embora já tenha iniciado a tendência de reduzir os aportes. No semestre, a Vivo aplicou R$ 3,26 bilhões, um recuo de 14,7% na comparação anual. A empresa, que vinha direcionando em média 20% da receita líquida a investimentos, reduziu a taxa a 15,6% e não deve retomar o teto anterior.

A TIM também diminuiu sua projeção de investimentos, de R$ 14 bilhões para R$ 12,5 bilhões, no triênio que termina em 2018. De modo geral, o setor tem atribuído o encolhimento dos aportes ao "uso mais eficiente dos recursos".

A macroeconomia, a taxa de inflação, a variação cambial e opções estratégias pesaram negativamente nos resultados das subsidiárias brasileiras dos grupos América Móvil (Claro, Net e Embratel) e Telecom Italia (TIM Brasil) no primeiro semestre do ano.

O pior cenário ficou com a Oi. Em recuperação judicial, a companhia apresentou prejuízo de R$ 2,3 bilhões no semestre, frente ao lucro de R$ 224 milhões de um ano antes, o que desequilibra a média para todo o setor nesse intervalo.

Já a TIM, apesar da queda de 71,9% no semestre, conseguiu manter essa linha do balanço no azul, com lucro de R$ 175,3 milhões. A controladora Telecom Italia iniciou um plano de redução de custos no segundo trimestre do ano, para obter eficiências de € 1,6 bilhão na Itália até 2018. A receita do grupo encolheu 9,9% de janeiro a junho, para € 9,1 bilhões. Da redução de € 1 bilhão, o Brasil teve peso importante, ao responder por € 833 milhões.

Ainda no vermelho, a Claro, ao contrário, reagiu ao diminuir em 74%, para R$ 532,5 milhões, as perdas superiores a R$ 2 bilhões dos seis meses de 2015.

A Vivo conseguiu driblar as condições desfavoráveis, tirando vantagem das sinergias com a integração da GVT e fazendo um pesado corte de custos, que ainda está em curso. A companhia se destacou ao elevar em 42,3% seu lucro e alcançar R$ 1,9 bilhão no período.

Última no ranking por receita, a Algar Telecom também conseguiu fechar o semestre no azul, com lucro de R$ 71,4 milhões, 12% maior que um ano antes. A Nextel Brasil afirma que reverteu o prejuízo de R$ 1,8 bilhão do ano passado para lucro de R$ 1,3 bilhão após impostos, depreciação e amortização em 2016. Mas o resultado não foi auditado.

Todas as empresas mostraram que as condições adversas pesaram sobre o resultado da receita líquida. A Vivo ficou estável, com alta de 0,7%, enquanto a Algar mostrou fôlego e avançou 5,5% no primeiro semestre de 2016, na mesma base de comparação anual. A Nextel informou receita de R$ 1,7 bilhão neste ano, o que significa queda de 8%.

Como denominador comum, a carteira total de clientes e o número de usuários do serviço móvel pré-pago caíram para os quatro grandes grupos. Com o maior número de usuários (101 milhões), a Claro registrou queda de 6,2% até junho, a menor entre as quatro companhias na comparação anual. A TIM tem a menor carteira (63,9 milhões), porém encolheu mais, 14,3%. Já a Vivo registrou a segunda maior queda, de 9,1%, e mantém o segundo lugar por volume de clientes, 97,1 milhões.

Com mais de 69 milhões de clientes, a Oi perdeu 5,3% da base de 2015. No pré-pago o recuo foi de 5,9%, enquanto no pós-pago ficou estável.

O declínio das teles no pré-pago se refletiu no resultado consolidado de suas respectivas controladoras. O recuo foi de 21,5% para a Vivo, 17,7% para a TIM e 14,4% para a Claro.

Com 364,5 milhões de linhas em todos os serviços, a América Móvil perdeu 1,6 milhão de usuários pré-pagos, sendo 1,1 milhão no Brasil e 575 mil no México. A perda de 9,7% de clientes no Brasil só foi superada pela subsidiária do Equador (-10,7%), que conta com uma base pequena, de apenas 8,8 milhões de clientes.

Na rede fixa, a Claro obteve crescimento de 9,6% em banda larga, 4,4% em TV por assinatura e 1,6% em voz. Para o CEO da América Móvil, Daniel Hajj, a Claro está indo bem no Brasil, mas precisa "consertar os dados no pré-pago". Em rede fixa, o Brasil tem o maior número de clientes - 36,8 milhões, de um total de 81,6 milhões (3,6%) - dentro do grupo América Móvil.

No grupo espanhol Telefónica, o total de clientes chegou a 341,26 milhões em junho, queda de 1,8% comparado a 2015. No segmento pré-pago, a redução na carteira de clientes no Brasil também foi um dos principais fatores que contribuíram para o corte do volume total de usuários do grupo.

A Vivo atingiu 73,3 milhões de acessos móveis no fim do primeiro semestre, 11,3% menos que um ano antes. O segmento pré-pago caiu 21,5% e passou a representar 57% dos serviços móveis da tele. Há um ano, a fatia era de 64%. O pós-pago, equivalente a 43,1% do total, cresceu 6,9% no mesmo intervalo. Em TV por assinatura, o número de acessos cresceu 1,34% até junho, para 1,76 milhão. Em banda larga, avançou 2,37%, para 7,4 milhões de conexões.

Nos resultados consolidados da Telefónica, o segmento pré-pago caiu 6,7%. Atingiu 60,8% dos serviços, queda de 3 pontos percentuais. Já o pós-pago cresceu 3 pontos e passou a representar 39,2%.

Em relação ao quadro de pessoal, em um ano a TIM eliminou mais de 800 postos de trabalho, chegando a junho de 2016 com 12,1 mil trabalhadores.

Na Vivo, o corte de pessoal é mais dramático. Com um quadro de 35,16 mil pessoas, a empresa já havia demitido cerca de 2 mil em setembro de 2015. No começo de agosto fez nova rodada de dispensas. A empresa informou que os cortes seriam menores que em 2015. Segundo o Fitratelp, que reúne sindicatos do setor de telecomunicações, a Vivo informou no mês passado que vai demitir 1,9 mil funcionários em São Paulo e no Paraná, e 100 no Rio de Janeiro.

Autor(a)
Ivone Santana

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