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Concordata da Borders aumenta estresse no setor livreiro nos EUA

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O pedido de recuperação judicial da rede americana de livrarias Borders Group Inc. deixou uma longa lista de editoras com um buraco no faturamento e vai eliminar 200 lojas em que elas promovem seus livros justo num momento em que o setor enfrenta um declínio das vendas.

"Se as editoras tiverem sorte, receberão US$ 0,25 para cada dólar", disse Jed Lyons, diretor-presidente da Rowman & Littlefield Publishing Group Inc., que publica títulos próprios e também distribui livros para outras editoras, por meio de sua National Book Network. Segundo o pedido de concordata da Borders, a rede deve US$ 2 milhões à NBN.

Embora muitas tenham reduzido as remessas para a Borders no último ano, as editoras são os maiores credores não segurados da rede, com as seis maiores tendo US$ 182 milhões a receber. Em primeiro lugar está a Penguin Group (USA), divisão da Pearson PLC, que tem US$ 41,1 milhões a receber, seguida de perto pela Hachette Book Group, da Lagardère SCA, e a Simon & Schuster Inc., da CBS Corp.

A Borders é uma das duas grandes redes que disseminaram as megalivrarias nos Estados Unidos. Ela havia informado um mês atrás que poderia ter de buscar uma recuperação judicial. Ontem, formalizou a entrada no processo.

A empresa, que parou de pagar editoras importantes em dezembro e agora afirma que vai ter de fechar cerca de 30% de suas lojas, indicou que pretende dar um retorno às editoras em cerca de 30 dias, apresentado um plano detalhado sobre como vai prosseguir com suas operações, disse um executivo do setor editorial. Até então, algumas editoras provavelmente só vão enviar livros novos à Borders se receberem pagamento imediato.

"Temos de ver algum sinal que aumente nossa confiança", disse o executivo do setor. "No meu entendimento eles terão de admitir no plano que vão ter de descartar várias remessas de pagamento contra entrega."

Uma porta-voz da Borders ressaltou num comunicado as promessas recebidas pela rede de financiamento de US$ 505 milhões para devedores com permanência na gestão, recursos que devem permitir que suas lojas "sejam competitivas para os clientes em termos de bens, serviços e experiência de compras".

Editoras importantes já enfrentaram grandes prejuízos como esses antes, como na época da falência da atacadista Advanced Marketing Services Inc., que pediu concordata em dezembro de 2006 e depois foi liquidada.

Mas o pedido de concordata da Borders ocorre ao mesmo tempo em que as vendas de livros físicos e a própria edição de livros se volta cada vez mais para as vendas digitais. A rede de livrarias não tem um aparelho para livros eletrônicos próprio e depende de outro varejista para operar seu site de e-books.

Vários executivos do setor editorial cogitaram que a concordata da Borders poderia forçar algumas empresas a repensar suas ligações com as redes de livrarias, o que causaria uma consolidação maior do setor editorial. "A situação pode ficar mais difícil para as editoras menores, que não apenas têm exposição financeira mas vão deixar de ter seus livros em muitas lojas", disse um executivo.

"Digamos que você tenha alocado 6.000 cópias de um livro para a rede Borders. Onde é que esses livros físicos vão parar agora? Não há indicação nenhuma de que as livrarias que sobreviverem, grandes ou pequenas, vão aceitá-los. As pequenas editoras têm poucas alternativas", disse o executivo.

O futuro fechamento de centenas de lojas da Borders Group vai dificultar o lançamento de novos autores, o grande fator de renovação do setor editorial, disse outro executivo do setor.

Ele disse que o setor não tem um substituto para a estratégia de marketing das grandes mesas na frente das livrarias, que exibem os mais recentes títulos de ficção e não ficção.

"As livrarias são o lugar em que se descobrem [novos títulos]", disse a pessoa. "Não é tão fácil assim descobrir novos livros digitalmente. Isso pode tornar menos lucrativo lançar novos autores, livros que a Borders às vezes comprava de 30% a 40% da tiragem se estivesse empolgada com o título."

Uma área em que a Borders tinha desempenho excepcional era a dos chamados "paperbacks" de luxo, os livros com papel de qualidade superior e capa flexível, mais parecidos com os típicos livros brasileiros. Um exemplo é o destaque dado pela Borders ano passado à edição paperback de luxo do romance "Little Bee", de Chris Cleave, que ajudou o livro a evoluir de um sucesso modesto na edição em capa dura, em 2009, para um best seller nacional.

"Gostaria que eles sobrevivessem", disse Lyons, da Rowman & Littlefield. "Temos alguns clientes cujos livros vendem muito bem na Borders mas não na Barnes & Noble, e vice-versa. Eles têm seus próprios clientes, cujo perfil é um pouco diferente.".

Autor: Jeffrey A. Trachtenberg

Fonte: http://online.wsj.com (16/02/2011)

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