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Conselheiros da Oi estão divididos

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O conselho de administração da Oi está dividido quanto à estratégia frente ao elevado endividamento da companhia, de R$ 52 bilhões. O colegiado tem ao menos cinco membros, de um total de 11, que demonstram simpatia a um processo de recuperação judicial.

A saída de Bayard Gontijo da presidência, anunciada na sexta-feira, permite que esse debate ganhe corpo dentro da empresa. O executivo buscava uma saída negocial. A percepção predominante entre analistas e investidores foi negativa, pois havia confiança na formação financeira do ex-presidente e na neutralidade frente às pressões dos acionistas.

A grande dúvida do mercado diante das novidades é justamente se a renegociação de dívida continua e em quais bases. Consultada, a Oi não fornece detalhes ou aprofunda o tema. Limita-se a afirmar que não há mudança, até o momento, em relação às informações já prestadas aos investidores.

Gontijo vinha trabalhando numa reestruturação com foco nos credores internacionais de mercado, que respondem por R$ 34 bilhões dos vencimentos da empresa - 70% do total. O processo havia avançado nas últimas semanas.

Pelo modelo em debate, de R$ 20 bilhões a R$ 25 bilhões da dívida estrangeira de mercado seriam convertidos em ações, dando aos credores de 85% a 90% da empresa. A parcela restante da dívida, próxima a R$ 10 bilhões, seria alongada.

As pendências com os bancos comerciais e com o BNDES, por sua vez, seriam alongadas, e a tele buscaria carência de quatro anos para juros e amortizações. A meta era permitir que, nesse período, o gasto da companhia com juros de dívida ficasse limitado a R$ 600 milhões ao ano. Em 2015, a empresa pagou R$ 3,8 bilhões aos credores, como remuneração.

Juntos, BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (CEF) têm R$ 13 bilhões em créditos contra a Oi. O banco de fomento é o único que possui garantia para as linhas concedidas. No total, as dívidas locais somam aproximadamente R$ 17 bilhões, incluindo uma emissão de debêntures.

O ponto nevrálgico da discussão no conselho da Oi que levou à renúncia de Bayard foi a diluição que a transação traria aos atuais acionistas, pela conversão da dívida internacional. Uma preocupação, em especial, do grupo representante da fatia que seria da Portugal Telecom - Pharol e Bratel que, juntas, têm quase 25% da tele e quatro conselheiros. O percentual poderia cair para 2,5%. Outros membros do conselho também demonstraram desconforto com a conversão de fatia tão significativa da dívida.

Bayard era defensor desse modelo antes mesmo do início das negociações com credores. Ele costumava responder a analistas, ainda em 2015, que era evidente a necessidade da empresa de equilibrar sua estrutura de capital - o que, na visão dele, passava pela conversão de boa parte dos débitos em ações.

Pessoas próximas à companhia acreditam que Marco Schroeder, que assumiu a presidência, é bastante alinhado com os acionistas que possuem assento no conselho, os controladores anteriores - além dos portugueses, Andrade Gutierrez, La Fonte (família Jereissati) e fundos de pensão.

O executivo está na Oi desde 2002. Até 2011 foi da controladoria, quando então assumiu a diretoria financeira da Contax (empresa de call center que nasceu na Oi), onde ficou até 2013. Em 2014, voltou para a tele como diretor financeiro, e acumulou a vice-presidência da Portugal Telecom. Também foi conselheiro da GameCorp, a polêmica empresa de jogos que teve uma fatia adquirida pela Oi em 2007 e que tem o filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fábio Luiz, como sócio.

A percepção de que uma recuperação judicial poderia ser melhor, na visão daqueles que a defendem, vem da expectativa de que não ocorra uma conversão de grande volume da dívida em capital. No ambiente judicial, o plano é definido e apresentado pela companhia. Aos credores, cabe aprovar ou rejeitar, tornando o processo muitas vezes mais longo. Tal plano - caso se concretize - tem alguns desafios, na visão de especialistas. Com a recuperação judicial, os bancos credores poderiam ser expostos à necessidade de corte no valor absoluto devido. Além disso, o processo judicial exige que a instituição provisione os créditos.

Por fim, existe a dúvida sobre as consequências frente ao regulador do setor, por ser a Oi uma concessionária de serviço público.

A Oi já estava sob acompanhamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ambas as autarquias vêm sistematicamente pedindo informações sobre as novidades relacionadas à empresa. (Colaboraram Ivone Santana e Tatiane Bortolozi)

Autor(a)
Graziella Valenti

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