Em mais um capítulo do caso de fraudes contábeis envolvendo a Olympus, os membros do conselho de administração da fabricante japonesa de câmeras deram indicações, ontem, de que planejam deixar a companhia. Antes, porém, o grupo mostrou que pretende escolher seus sucessores, o que promete desencadear uma batalha pelo controle da empresa com Michael Woodford, o ex-presidente que alertou sobre o escândalo. O executivo foi destituído do cargo em outubro e passou a ser membro do conselho sem direitos de representação.
Na semana passada, Woodford renunciou à posição de membro do conselho da Olympus e iniciou uma campanha para assumir o comando do processo de reestruturação da empresa. Com o plano de formular uma lista alternativa de novos conselheiros, o executivo disse acreditar que o conselho atual está contaminado pelos erros do passado e que não tem condições de indicar novos integrantes para o processo de reconstrução da empresa.
Os planos de desligamento indicados ontem pelo conselho foram uma reação à divulgação, na terça-feira, dos resultados de uma investigação conduzida durante quatro semanas por uma comissão independente. O relatório de 200 páginas mostrou que a Olympus ocultou perdas de 135 bilhões de ienes (US$ 1,7 bilhão) nos últimos 13 anos.
Em uma conferência de imprensa realizada ontem, a Olympus informou que um diretor renunciou ao cargo – outros devem acompanhá-lo – e que todo o conselho poderia seguir o mesmo caminho assim que a empresa apresentar os resultados do segundo trimestre, no dia 14 de dezembro. A companhia também revelou que está tomando medidas para colocar a operação novamente nos trilhos.
“Nossa governança corporativa foi seriamente criticada. Como representante da companhia, eu peço desculpas sinceramente”, afirmou o presidente da Olympus, Shuichi Takayama.
Como parte das iniciativas planejadas para recuperar a operação, a Olympus informou que decidiu constituir novas comissões para investigar as responsabilidades de cerca de 70 pessoas no escândalo de fraudes contábeis descrito no relatório apresentado pela comissão independente.
A nova etapa da investigação vai apurar o envolvimento de ex-executivos e membros antigos e atuais do conselho de administração da companhia no caso, além de avaliar a participação de auditores internos nas fraudes. Os resultados dessa iniciativa devem ser apresentados em um novo relatório no próximo mês, informou a companhia.
Nesta semana, Takayama disse que pelo menos dois ex-presidentes sabiam do esquema ilegal para ocultar as fraudes contábeis. O executivo afirmou que uma assembleia geral será realizada no fim de fevereiro, na qual os acionistas escolherão uma nova diretoria para conduzir a reestruturação da empresa. (Com agências internacionais)
Autor: Moacir Drska
Fonte: http://www.valor.com.br (08/12/2011)