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Consultas de estrangeiros levam otimismo a grandes escritórios

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A perspectiva de investimentos diretos de estrangeiros no Brasil este ano é, ao menos, melhor do que a de 2016. A análise "levemente otimista" é de CEOs de alguns dos maiores escritórios de advocacia do país e se baseia nas consultas e demandas recebidas pelas bancas desde o fim do ano passado.

De acordo com esses executivos, os principais atrativos continuam a ser os ativos de empresas em recuperação judicial e das investigadas na Operação Lava-Jato. Há a possibilidade, porém, de retomada de fusões e aquisições entre empresas.

"Esses ativos continuam baratos. Mas tudo depende da diminuição da incerteza política, que continua sendo o maior inibidor para uma retomada mais rápida e forte dos investimentos", afirma Alexandre Bertoldi, CEO do Pinheiro Neto Advogados.

Por isso, segundo os dirigentes de grandes bancas, os investidores estrangeiros consideram, antes da tomada de decisão, a possibilidade de reflexos de prováveis delações na Lava-Jato, a perspectiva de aprovação da Reforma da Previdência e o enigmático "efeito Trump" nos negócios. O grau de insegurança jurídica e os possíveis impactos financeiros são os primeiros aspectos que consideram.

Os advogados afirmam que, desde o fim de 2016, estrangeiros apontam a crise no país como "passageira" e enxergam com bons olhos as primeiras medidas políticas que se concretizam, como a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Teto dos gastos públicos. "Com a aprovação da PEC do Teto e o encaminhamento da Reforma da Previdência, abre-se o caminho para uma queda de juros significativa e o destrave dos investimentos", diz Bertoldi.

"Em dezembro, fechamos a compra da brasileira Admix, corretora e administradora de planos de saúde, pela inglesa AON, de gerenciamento de riscos", afirma Bertoldi. "Com a posse de Donald Trump, os americanos devem se voltar um pouco mais para os Estados Unidos e diminuir um pouco os investimentos no Brasil. Mas, até para não ficarem dependentes dos Estados Unidos por conta do governo Trump, empresas do Canadá e do México têm sondado mais o mercado brasileiro", afirma.

No TozziniFreire Advogados, já há negócios engatilhados para serem fechados no primeiro semestre deste ano. Segundo o CEO da banca, Fernando Serec, os segmentos são variados entre farmacêuticas, indústria da alimentação e energia. "A maior parte das operações será realizada no Estado de São Paulo, mas há investimentos no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e no Nordeste", afirma Serec. "Na maioria das vezes, o capital estrangeiro vem de fundos financeiros. Mas os chineses também têm muito interesse aqui, em setores cada vez mais diversos", diz.

Em 2016, o China Desk do TozziniFreire participou de cinco fusões e aquisições com chineses, inclusive na operação da China Three Gorges com a Duke Energy. De acordo com Serec, o setor de energia continua a ser o carro-chefe dos chineses. "Porém, há movimentações nos segmentos de seguros (inclusive saúde), óleo e gás, bancário, bens de consumo (baterias) e proteína animal".

O advogado Paulo Rocha, um dos diretores do Demarest Advogados, também afirma que os chineses continuarão "agressivos" no Brasil. "Mas americanos e europeus, especialmente os alemães e franceses, ainda serão os grandes investidores no país".

Rocha destaca a criação de fundos específicos para investimentos no Brasil por private equity. Também afirma ter chineses, chilenos e filandeses, com interesse no agronegócio, que esperam por uma regulamentação mais clara e simples para a aquisição de terras rurais brasileiras. Em 2010, a Advocacia-Geral da União (AGU) fixou várias exigências para esse tipo de operação.

Mas é o segmento de infraestrutura que mais deve gerar investimentos diretos no país. De acordo com advogados, a possibilidade só depende das novas concessões para rodovias e portos saírem do papel. "Este ano, o investimento direto deve começar a vir. O volume será menor ou maior conforme as reformas que o governo federal conseguir implementar, especialmente em relação à infraestrutura", afirma José Eduardo Carneiro Queiroz, do Mattos Filho Advogados. "Por enquanto, temos investimentos prontos para serem fechados, no primeiro semestre, relacionados à compra de ativos por desinvestimentos como na Petrobras", diz Queiroz.

Ele também lembra que algumas decisões judiciais das Cortes superiores serão relevantes para atrair investidores ao conferir maior segurança jurídica no mercado. "O eventual entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre como a terceirização pode funcionar e esclarecimentos sobre os reflexos da guerra fiscal entre Estados [créditos de ICMS], por exemplo, pode atrair investidores", afirma.

Já para Celso Costa, CEO do Machado Meyer, este ano será quase uma réplica de 2016. O advogado afirma que se houver alguma melhoria, só no segundo semestre. "O que vemos são movimentações na área de infraestrutura, com chineses bem presentes, especialmente no segmento de energia. E a manutenção de uma boa movimentação relativa a fundos de private equity, que são investimentos de quatro a sete anos", diz.

Autor(a)
Laura Ignacio

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