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Conversão em ações tem sido saída para credores

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A estratégia buscada por investidores domésticos e estrangeiros nas renegociações de dívida nem sempre é a mesma e, em muitos casos, a saída tem sido a conversão do crédito em capital da empresa, de olho na venda futura dos ativos para pagamento dos passivos.

Fábio Rosas, sócio do escritório Cescon, Barrieu, Flesch & Barreto Advogados, ressalta que há diferença de estratégia, mas não de tratamento entre os detentores de bônus externos e credores locais. "Os 'bondholders' têm mais flexibilidade e acabam aceitando uma conversão da dívida em capital, prática que os bancos não utilizam porque têm restrições para ter participação de empresas em seus balanços", diz.

A empresa que entra em recuperação judicial tem dificuldade para conseguir novos financiamentos para manter as operações, seja no mercado bancário ou de capitais. "O que tem são apenas linhas de curto prazo caras com bancos de segunda linha e limites de crédito muito pequenos com lastro em garantias", afirma Eduardo Sampaio, diretor da Alvarez & Marsal.

O executivo da Alvarez afirma que os bancos têm se tornado mais flexíveis e tentado renegociar as dívidas antes de as companhias entrarem em recuperação judicial, pois nesses casos eles têm de fazer a provisão do valor do crédito. "Os bancos estão mais ágeis nas renegociações e têm sido favoráveis à concessão de um 'haircut' [desconto] na dívida", diz Sampaio.

Isso só é possível, no entanto, quando a empresa possui garantias para dar na extensão do empréstimo. A Odebrecht, por exemplo, conseguiu novo empréstimo de R$ 2,6 bilhões com Itaú Unibanco e Bradesco, garantido por ações da Braskem. A empresa também terá que vender ativos.

O que acontece, na maioria das vezes, é a conversão da dívida em ações, para tentar recuperar parte dos créditos com a venda de ativos. Esse foi o caso das empresas de Eike Batista, OGX (hoje Domo Energia) e OSX.

No caso da OGX, os detentores dos bônus tiveram a dívida convertida para ações e ainda tiveram que fazer uma injeção de capital por meio de um DIP ("debt-in-possesion"), crédito oferecido às empresas em recuperação judicial. O processo de recuperação judicial da OGX durou quatro anos e foi encerrado no ano passado.

Os detentores das dívidas atreladas à plataforma OSX-3 também tiveram o crédito convertido em ações da OGX, credora da empresa de construção naval. "Tivemos alguns transações que envolveram DIP e há investidores interessados nesse mercado", diz Marcelo Ricupero, sócio do Mattos Filho.

22/06/2018

 

Autor(a)
Silvia Rosa

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