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CPI conclui que a 123 Milhas operava no vermelho 4 anos antes de pedir recuperação judicial

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O relator da comissão, deputado Ricardo Silva, avalia que não há dúvidas de que a empresa funcionou como uma pirâmide financeira, em que as passagens de clientes mais antigos eram pagas com o dinheiro arrecadado pelas novas compras.

13/10/2023

 

A CPI das Pirâmides Financeiras deve apresentar o relatório final na segunda-feira (9). As investigações mostram que a empresa 123 Milhas operava no vermelho quatro anos antes de pedir recuperação judicial.

Em agosto, clientes fizeram fila na sede da 123 Milhas em Belo Horizonte, em postos da Defensoria Pública e em aeroportos. Em crise financeira, a agência suspendeu a emissão de bilhetes de viagens e de hotéis de uma linha promocional, em que os clientes compravam um pacote, mas não escolhiam a data exata e nem o horário do voo. Resultado: milhares de clientes pagaram, mas não puderam viajar.

Com auxílio da Polícia Federal, a CPI das Pirâmides Financeiras, da Câmara dos Deputados, investigou a empresa. O relator, deputado Ricardo Silva, do PSD, avalia que não há dúvidas de que a 123 Milhas funcionou como uma pirâmide financeira, em que as passagens de clientes mais antigos eram pagas com o dinheiro arrecadado pelas novas compras.

O relatório da Polícia Federal mostrou que a 123 Milhas vendia “hoje” para pagar “amanhã”, apostando em preços que não estavam sob o seu arbítrio e escolha. O relator argumenta, ainda, que a empresa vendia viagens para dois ou três anos à frente, datas em que as companhias áreas sequer haviam começado a oferecer passagens. Um dos sócios, Ramiro Madureira, prestou depoimento à CPI em setembro.

 

“Paris, ida e volta, R$ 969. Roma, R$ 912. Como o senhor explica isso?”, questionou o deputado Ricardo Silva, do PSD-SP.

 

 

“Gostaria de voltar aqui, novamente, nas premissas dessa linha promocional que seria, primeiro: o momento correto de emissão da passagem que a gente conseguiria um preço mais barato. Essa é a um. Premissa dois: a redução do marketing da empresa ajudaria a custear essa diferença para essa linha promocional. Terceiro: várias pessoas acessando a 123 Milhas com essas promoções trouxeram outras receitas adicionais e marginais”, respondeu Ramiro Madureira, sócio da 123 Milhas, na ocasião.

 

A Polícia Federal analisou onze contas bancárias da empresa. De janeiro de 2019 a agosto de 2023, as operações financeiras das contas somam R$ 46 bilhões. No relatório, a PF concluiu que há indícios substanciais de inviabilidade econômica na atividade da 123 Milhas, visto que opera com saldo negativo desde, ao menos, o ano de 2019; e de que não há capital de giro no caixa para honrar os compromissos assumidos sem que haja contínua assunção de novos compromissos, de modo que o colapso, dadas as mesmas circunstâncias, seria inexorável.

Na próxima segunda-feira (9), o relator da CPI deve entregar o parecer.

 

“Nós ainda estamos fechando o relatório da CPI, mas crimes graves envolvidos e que lesaram milhares e milhares de brasileiros ee brasileiras que sonhavam com a viagem, que sonhavam em fazer aquele pacote que compraram, mas na verdade compraram fumaça, compraram nada que eles venderam e as pessoas ficaram no prejuízo”, diz o relator da CPI, deputado Ricardo Silva.

 

A empresa está sendo investigada pelo Ministério Público e pela Polícia Civil de Minas Gerais. A MP também entrou com uma ação civil pública para que os consumidores sejam ressarcidos pelos prejuízos.

123 Milhas nega ter atuado como pirâmide financeira e a acusação de ter criado a linha promocional por necessidade de caixa. A empresa afirma que sempre teve crédito e boa relação com as instituições financeiras, sem empréstimos atípicos para suas operações.

123 Milhas declara ainda que realizou mais de 18 milhões de embarques em 14 anos e que os gestores estão cooperando com as autoridades na construção de um plano de recuperação para cumprir os compromissos com credores e retomar as atividades.

Autor(a)
Por Jornal Nacional
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Banner da 123 Milhas — Foto: Reprodução/TV Globo

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