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Credores alegam riscos com venda da Leader

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As negociações envolvendo a venda da rede Leader para o advogado Fábio Carvalho, como antecipado pelo Valor em janeiro, têm sido questionadas por credores da varejista, em notificações trocadas nos últimos dias entre o comando da Leader, o banco BTG Pactual e conjunto de 23 credores. O Grupo BTG Pactual é sócio da rede. As cartas também foram encaminhadas ao Banco Central e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entre fevereiro e março.

Esses credores, que são ex-sócios e fundadores da rede Seller - vendida à Leader em 2012 - disseram ao BTG que Carvalho não tem as mesmas condições financeiras do banco para assumir e reestruturar a dívida, em cerca de R$ 1 bilhão hoje, e a venda para Carvalho poderia levar a uma piora da situação da varejista, com risco de que as condições de negociação dos passivos com Carvalho fiquem mais difíceis, caso a venda ocorra.

Ex-acionistas da Seller tem a receber cerca de R$ 150 milhões da Leader, valor relativo a parte do pagamento da venda da rede para a Leader, quatro anos atrás. Já há um pedido de falência da Leader feito pela Seller em janeiro, tramitando na Justiça, em Niterói (RJ), no valor de R$ 6 milhões. Outro pedido de protesto de dívida foi sustado.

O Valor apurou que Pedro Jereissati, presidente do conselho de administração da Harpia Omega Participações (um dos veículos de investimento do BTG na Leader) conversou dias atrás com integrantes da família Furlan, credora e fundadora da Seller, a respeito da entrada de Carvalho no negócio, e houve resistência dos credores. Como antecipado pelo Valor há dois meses, a entrada de Fábio Carvalho se daria, de forma paralela, com a contratação da consultoria em gestão Alvarez & Marsal.

Carvalho poderia negociar a entrada com o apoio de outros investidores para bancar a compra de uma empresa com R$ 50 milhões em caixa em setembro passado, conta de estoques em R$ 225 milhões e dívida de R$ 800 milhões na época. Credores questionam quem seriam investidores interessados em entrar no negócio e pagar as dívidas. Procurado, Carvalho não foi localizado.

Segundo ex-sócios da Seller, o BTG têm "sistematicamente" transferido o controle de suas investidas para "pessoas interpostas" com "vínculos com o BTG", diz notificação enviada pelos ex-sócios ao banco, à CVM e ao BC. Essas pessoas são "incapazes" de responder pela montanha de dívidas", das empresas, por causa do volume de ativos e da capacidade de acesso ao mercado muito inferior ao do BTG. Em resposta, semanas atrás, também encaminhada ao BC e à CVM, o banco BTG Pactual nega que seja parte do quadro de acionistas da Leader.

O banco diz ainda que nunca deu garantias, diretas ou indiretas, em favor dos credores, já que não teria relação com a Leader - e que estes têm intenção de "espalhar boatos" que ofendam a imagem da Leader, escreve o banco, apurou o Valor. Dias depois, em outra notificação, credores questionaram a informação do banco de que ele não seria controlador da Leader.

Segundo fonte ouvida, o banco BTG refuta a alegação porque a União de Lojas Leader consta como um negócio ligado ao Grupo BTG e não ao banco. Em 2014, o Grupo BTG Pactual tinha 44% da Leader, e em 2015, em relatório de resultados publicado dias atrás, essa taxa é de zero. Em 2014, o prejuízo relatado na Leader foi de R$ 144,2 milhões. Em 2015, com 0% de participação, não é informado lucro nem perda.

A Leader ainda está na lista de investimentos da área de asset management do BTG Pactual Participations - área responsável pela gestão de investimentos em empresas. A participação indireta na Leader por esses fundos ou outros veículos é de quase 52%.

Procurada, a CVM informa que os temas envolvendo as notificações entre credores e BTG está sendo analisado em um processo administrativo (nº SP2016/74). O Banco Central informa que não se manifesta sobre situações específicas, mas ressalta que a Leader não pertence ao banco BTG Pactual, logo não é regulada pelo BC.

Autor(a)
Adriana Mattos

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