Em difícil situação financeira, o grupo Schahin, de engenharia, infraestrutura e petróleo e gás, começa a debater amanhã com seus credores o plano de recuperação judicial, anunciado em abril, para resolver uma dívida avaliada em R$ 6 bilhões - o valor do que deve entrar na recuperação ainda está sendo definido.
Às 13 horas, em São Paulo, será tentada a instalação da primeira assembleia de credores, que vão discutir os termos do plano. As propostas delineadas no documento, após as discussões, podem sofrer alterações.
A situação financeira da Schahin piorou após a empresa entrar na mira da Operação Lava-Jato. A empresa e seus sócios são investigados por suspeita de lavagem de dinheiro, fraude à licitação e crime contra a ordem tributária envolvendo a contratação supostamente fraudulenta do navio-sonda Vitória 10.000, afretado da Petrobras sem licitação.
O Valor apurou junto a fontes a par do assunto que o processo é considerado complicado, devido, entre outros fatores, ao número de credores - mais de 3 mil. Isso pode exigir a realização de várias assembleias até a aprovação do escopo final.
Entre os maiores credores do grupo Schahin estão o Mizuho Bank, do Japão, com US$ 460 milhões e um sindicato de bancos, com aproximadamente US$ 350 milhões, além do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) - R$ 350 milhões. Na época do anúncio, havia também um passivo com a DSI, empresa ligada à Petrobras -quase US$ 500 milhões. E há credores fiscais, mas que não participam da assembleia de recuperação.
Originalmente, o pedido de recuperação envolvia 28 empresas do grupo, entre nacionais e internacionais, mas o plano sofreu alterações e hoje abrange 13 companhias, entre as quais a Schahin Engenharia e Schahin Holding. A Schahin Petróleo e Gás ficou de fora, mas a empresa entrou com pedido em separado de recuperação que aguarda análise no judiciário.
No plano, coordenado pelo escritório Dias Carneiro Advogados, a explicação para o pedido de recuperação das 13 empresas decorre principalmente da desaceleração econômica, "que fechou os mercado de dívidas e investimentos"; da queda nos preços internacionais do petróleo, da alta do dólar frente ao real; e do escândalo de corrupção na Petrobras, "que afetou substancialmente as empresas envolvidas na Operação Lava Jato".
Hoje, a única fonte de receita do grupo é a prestação de serviços de perfuração para a Petrobrás por meio do Vitória 10.000. Outras unidades, como os navios Serrado e Sertão, que também eram operados pela Schahin na exploração de petróleo, foram retomadas e pertencem agora a um pool de financiadores (bancos e fundos).
Fontes avaliam que pesa a favor da aprovação pelos credores do plano de recuperação o fato de a empresa operar bem o Vitória 10.000 e não ter ativos fixos relevantes. Os credores teriam menos a perder se aceitarem o plano do que uma ida do grupo à falência.