SÃO PAULO - Os credores da Agrenco no Brasil recusaram nesta semana a proposta da Agrenco Limited para injetar recursos nas empresas no país que estão em recuperação judicial desde 2008.
A Agrenco Limited, que é controlada pela holding que abriga o fundador Antonio Iafelice, conseguiu uma linha de crédito de R$ 130 milhões com o GEM Global Yield Fund Limited, um fundo de investimentos do Reino Unido, e apresentou um novo plano para a ativação das duas unidades da Agrenco, Caarapó (MS) e Alto Araguaia (MT).
Além de recusar a proposta, os credores decidiram abrir um prazo, que se encerraria hoje, mas foi estendido até 11 de março, para que interessados apresentem propostas para o arrendamento das duas fábricas.
A negociação para uma parceria operacional com a Glencore, que operaria as duas unidades da Agrenco no Brasil, não teve sucesso. Como esse ponto do plano de recuperação judicial não foi cumprido, houve a iniciativa de buscar proposta alternativa no mercado.
Os credores recusaram a opção apresentada pela Limited por não concordarem com algumas das condições apresentadas. A Limited queria que fossem revertidas as recuperações judiciais da Agrenco no Brasil e da Agrenco na Holanda e que fossem retirados os avais pessoais dos empréstimos.
Os credores também questionaram se os recursos obtidos com o financiamento concedido pelo GEM não poderiam ser executados em função de algumas garantias dadas pela Agrenco Limited, que é a empresa cujos recibos de ações (BDRs) são negociados na bolsa brasileira.
A Limited, em comunicado, afirmou que está disposta a renegociar todos os pontos.
O Valor apurou que a Limited está conversando diretamente com dois credores, Rosemount e Deutsche Bank, que estão dispostos a aprovar a proposta. Na reunião, a rejeição foi dada por 45% dos credores, e o restante se absteve de votar.
A avaliação é que, diante desses percentuais, será possível aprovar a reapresentação do plano alternativo.
A proposta deve ser reapresentada e a Limited deverá impor apenas uma condição. Quer que a composição do conselho seja feita por dois representantes do controlador, dois dos credores e um conselheiro independente.
Com relação aos recursos oferecidos pelo GEM, eles não passarão pela Limited. Serão direcionados imediatamente para as operações no Brasil, conforme informações da Limited.
Em entrevista recente ao Valor, Edgard Salomão, presidente do conselho de administração e representante dos acionistas minoritários da Agrenco Limited, afirmou que a nova opção apresentada aos credores prevê que todos serão pagos em 8 anos e não mais em 14 anos como estava previsto no plano de recuperação atual.
Assim que o financiamento fosse aprovado pelos credores, as unidades poderiam começar a funcionar no dia seguinte.
A avaliação feita por Salomão era de que, se os credores não concordassem com a nova proposta, a empresa ficaria sem perspectivas.
Apesar dos problemas na Agrenco permanecerem, os BDRS da companhia continuam com giro alto na bolsa paulista. Ontem, os papéis subiram 11% e negociaram R$ 50 milhões.
Autor: Ana Paula Ragazzi
Fonte: Valor Econômico (04/03/2011)