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Criadores de suínos do Sul do país podem ir à falência em poucos dias

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Se o preço do milho não baixar e o valor da carne suína não subir, a suinocultura do Sul do Brasil entrará em falência num prazo máximo de 40 dias. Parte dos produtores do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul já analisam a possibilidade de deixar a atividade por conta do alto custo de produção, impulsionado pela inflação do milho e baixa remuneração pelo quilo do suíno. A preocupação maior é com os produtores independentes, que já não conseguem mais arcar com as despesas e encontram dificuldades para obterem linhas de crédito.

Na região Sul de Santa Catarina, onde concentra-se a maioria dos produtores independentes do Estado, os custos praticamente inviabilizam a atividade. Segundo levantamento de entidades representantes do setor, os produtores estão pagando R$ 52,50 pela saca do milho, valor semelhante ao praticado em todo o Sul do país. Outro ponto que preocupa é a tendência de baixa no preço da carne, que na última semana era cotada a R$ 3,20 o quilo, mas com projeção de queda para essa semana. Em contrapartida, o preço para produção passa dos R$ 4,00 por quilo. Num animal de 100 Kg, por exemplo, os criadores contabilizam um prejuízo de R$ 90,00 a R$ 100,00.

Grande parte dos suinocultores já não conseguem pagar as contas, uma vez que as negociações de insumos, como milho e soja, são realizadas mediante pagamento à vista. A esperança é que o consumo interno de carne suína melhore após a quaresma. No entanto, a maior dificuldade para a região Sul é a aquisição de grãos e o preço do frete.

O assunto já foi tema de debates entre entidades do setor agrícola e o Governo Federal e dos Estados. No inicio do ano, Lideranças do agronegócio de Santa Catarina entregaram ao governador do Estado, Raimundo Colombo (PSD), uma carta de reivindicações, pedindo medidas urgentes no barateamento do custo do milho, principal produto para alimentação de suínos e aves, carros-chefe da economia catarinense.

O documento, assinado pelo presidente da Organização das Cooperativas de SC (Ocesc), Marcos Antônio Zordan, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faesc), José Zeferino Pedrozo, e pelo presidente da Coopercentral Aurora Alimentos e diretor de agronegócio da Fiesc, Mário Lanznaster, dirigido também ao governo federal, pedia a intervenção da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) na abertura de leilões para venda de milho e promover a transferência dos estoques do Centro-oeste para a região Sul do Brasil. A produção de milho em Santa Catarina gira em torno de 2,5 milhões de toneladas ao ano. Desse total, 40% é transformado em silagem para a alimentação de gado de leite. Com ao abate de mais de 1 bilhão de aves e 12 milhões de suínos ao ano, o Estado precisa importar mais de 3,5 milhões de toneladas de milho, o que coloca Santa Catarina como o maior comprador do grão dentro do país.

Ainda em janeiro, o Ministério da Agricultura anunciou o lançamento de edital para a venda de milho estocado pela Conab (Companhia Nacional do Abastecimento), como atendimento às demandas do setor. Porém, as medidas não foram suficientes e os produtores pedem mais apoio do Governo Federal para o enfrentamento da crise.

Na avaliação de especialistas, a crise que afetou o setor entre 2011 e 2012 voltou à tona, agravada pelo caos generalizado na economia do país associado ao grave momento político. Outro exemplo é a região Meio-oeste catarinense, onde os produtores pagam mais de R$ 50,00 pela saca de milho e recebem entre R$ 2,80 e R$ 3,10 por quilo de carne de porco. Na região já ocorre o descarte de matrizes, sendo que todos os pedidos estão sendo cancelados até que a situação apresente melhor expectativa. Reconhecido por ter o melhor status sanitário do país, Santa Catarina pode ser o primeiro Estado a quebrar por falta de políticas públicas para o setor suinícola.

Autor(a)
Guilherme Zimermann

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