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Custo de distratos correspondeu a R$ 1,1 bi em 2016

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O custo total de venda das unidades distratadas somou R$ 1,1 bilhão em 2016, segundo levantamento divulgado pela Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A cifra corresponde a cerca de 10% do Valor Geral de Vendas (VGV) estimado de R$ 10,9 bilhões das unidades distratadas em 2016.

O cálculo do custo de comercialização das unidades distratadas exclui custos fixos, como estandes de vendas, e leva em conta o total de 44.233 unidades distratadas em 2016 multiplicado pelo custo da rescisão por imóvel. Segundo o economista da Fipe, Eduardo Zylberstajn, há custos indiretos que aumentam o peso das rescisões.

De acordo com o levantamento, o setor perde a oportunidade de gerar R$ 159 milhões em valor adicionado cada vez que, em decorrência dos cancelamentos de vendas, deixa de produzir mil unidades dos padrões médio e alto. As rescisões têm ocorrido, principalmente, em unidades para as rendas média e alta. Os distratos das associadas da Abrainc em unidades desses segmentos somaram R$ 7,5 bilhões no ano passado.

"O custo maior para as incorporadoras decorrente dos preços vai acabar se refletindo nos preços dos imóveis. Os distratos não são a causa da crise do mercado imobiliário, mas a manifestação de uma situação desequilibrada", disse Zylberstajn. O presidente da Abrainc, Luiz Antonio França, destacou que qualquer indústria que tem mais custos reduz investimentos.

Segundo França, o mercado enfrenta um problema de devolução de produtos que não ocorre em outros setores. Para ressaltar a gravidade, o presidente da Abrainc citou que os distratos foram uma das razões para a PDG Realty ter de recorrer à recuperação judicial.

França afirmou que as discussões para a regulamentação dos distratos prosseguem, mas há "necessidade de equação que seja boa para o sistema como um todo". Segundo ele, os distratos provocam um risco sistêmico muito grande, inclusive para o sistema financeiro, que fornece crédito para os segmentos de médio e alto padrões.

Nos 12 meses encerrados em fevereiro, a relação entre distratos e vendas foi de 41,6%, segundo o indicador Abrainc-Fipe. Nos padrões médio e alto, a relação entre distratos e vendas foi de 51%, ante 24% nas unidades do Minha Casa, Minha Vida no período.

Os lançamentos subiram 7,3%, de março de 2016 a fevereiro deste ano, para 69.180 unidades. As vendas caíram 4,9%, para 104.718 unidades. No período, os projetos dos padrões médio e alto padrões ficaram com 9,9% dos lançamentos, e os do Minha Casa, Minha Vida, com 80,1%. Enquanto os lançamentos do programa habitacional cresceram 12,9%, os de médio e alto padrões caíram 10,1%.

Neste ano, os lançamentos de imóveis caíram 13,4%, até fevereiro, para 4.015 unidades, enquanto as vendas cresceram 6,9%, para 13.779 unidades.

O prejuízo das associadas da Abrainc de capital aberto somou R$ 717 milhões em 2016.

26/04/2017

 

Autor(a)
Chiara Quintão

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