Empresa ficou em desvantagem com relação às aéreas que recorreram a processos de recuperação judicial
A American é uma das três grandes empresas aéreas dos Estados Unidos que nunca entraram com pedidos de recuperação judicial, ao lado da Southwestern Airlines e da Alaska Airlines. Como resultado, a empresa se vê prejudicada por custos muito mais altos do que os da concorrência, que em sua maioria recorreu a processos de recuperação judicial para reescrever seus contratos de trabalho e reestruturar suas dívidas. Se os contratos de trabalho da American seguissem o padrão da Delta e da Continental, por exemplo, seus executivos estimam que a economia seria da ordem de US$ 600 milhões anuais.
O presidente e diretor-executivo da empresa, Gerard J. Arpey, no entanto, defende seu currículo. "Acredito que no longo prazo será de grande serventia à nossa instituição e aos nossos acionistas o fato de honrarmos nossos compromissos com nossos credores, financiarmos nossos planos de aposentadoria e termos feito o máximo para adotar medidas consensuais", diz.
A empresa acredita que quando outras empresas aéreas começarem a renegociar seus contratos de trabalho, o custo da mão de obra vai aumentar em toda a indústria, reduzindo a desvantagem de custos da American. Isto, por sua vez, pode exercer sobre as concorrentes uma maior pressão pelo aumento do preço das passagens.
O consultor de aviação Michael Boyd destaca que a American conta com uma sólida rede doméstica e domina as rotas para a América do Sul. Ele também elogia a decisão da empresa de comprar aviões mais modernos que consomem menos combustível, desfazendo-se dos modelos mais antigos e menos eficientes. "As sugestões segundo as quais a empresa deveria buscar um parceiro doméstico e tentar ser a maior do mercado não fazem muito sentido", diz Boyd. "Devemos nos lembrar que o brontossauro era um dinossauro imenso."
Apesar de por enquanto a American não ter excluído a possibilidade de uma fusão, seus executivos disseram em muitas ocasiões que não veem necessidade de consolidação. Em vez disso, a empresa aérea conta com sua aliança internacional Oneworld para alcançar a Delta e a United, que durante anos lucraram com suas alianças concorrentes.
O mau momento da empresa, no entanto, já se reflete no valor das ações da AMR, que registraram queda de 9% este ano. Foi o pior desempenho de uma grande empresa aérea até agora. E um resultado muito inferior ao ganho médio de 13% registrado pelo setor no período.
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Fonte: www.estadao.com.br (24/05/2010)