Após quase dois anos de tratativas, a fabricante de materiais esportivos DalPonte conseguiu a aprovação dos credores para seu plano de recuperação judicial. O acordo, fechado na semana passada, dará fôlego para o crescimento das operações e vai facilitar a venda da empresa, que está sendo negociada com duas indústrias chinesas e um fundo de “private equity” dos Estados Unidos, disse o diretor-geral Luís Alberto de Paiva.
Pressionada por dívidas de R$ 49,8 milhões em valores atuais, a DalPonte pediu recuperação judicial em janeiro de 2009. Desde lá, desativou a fábrica de Veranópolis (RS), onde foi fundada em 1981, e concentrou a produção em Santo Antônio de Jesus (BA).
Segundo Paiva, que é sócio da Corporate Consulting, responsável pela reestruturação da empresa, a DalPonte vai pagar em oito anos os R$ 12,7 milhões que deve para bancos, sem deságio, e mais R$ 17,4 milhões para fornecedores, com desconto de 30%. O passivo trabalhista de R$ 356,5 mil já foi pago e os débitos fiscais de R$ 19,4 milhões foram incluídos no Refis 4, o programa de refinanciamento de dívidas com a União.
A unidade de Veranópolis foi avaliada em R$ 15 milhões e será vendida para pagar R$ 10 milhões em dívidas com o Santander e com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). A planta está parada desde junho de 2009. No início deste ano a DalPonte tentou reativá-la para fabricar tênis para duas redes de varejo, mas o negócio não prosperou.
Agora Paiva espera concluir a venda do controle acionário em oito meses, por um valor superior aos R$ 30 milhões cogitados no início do ano. “A empresa está com o passivo equacionado e hoje vale mais”, disse. A companhia também elabora um plano para abrir uma unidade na China, que atenderia o mercado externo e exigiria um investimento de US$ 30 milhões dos novos controladores ao longo de cinco anos.
Conforme o diretor, a produção mensal da DalPonte alcança 176 mil pares de calçados esportivos e infantis e 45 mil bolas. Além disso, 40 mil bolas por mês são importadas da China e do Paquistão. Em janeiro, serão lançadas linhas de acessórios importados da Ásia, como caneleiras, agasalhos e mochilas, e de vestuário esportivo fabricado no Brasil com tecido asiático.
A receita bruta projetada para este ano é de R$ 65 milhões, ante R$ 45 milhões em 2009, e a projeção para 2011 é chegar a R$ 80 milhões. Mais fortes na América do Sul, as exportações respondem por 20% da receita, mas devem chegar a 35% em 2011 com o aumento das vendas para a Europa, acredita Paiva. A empresa espera fechar 2010 com uma geração de caixa (lajida) positiva de R$ 4,5 milhões a R$ 5 milhões, ante o desempenho negativo de R$ 1,5 milhão em 2009.
Autor: Sérgio Bueno
Fonte: http://www.valoronline.com.br (22/11/2010)