A empresa já contratou o advogado que cuidou da recuperação da Parmalat para assessorar no processo.
A butique de artigos de luxo Daslu, da empresária paulista Eliana Tranchesi, estuda entrar em recuperação judicial. A empresa contratou o advogado Thomas Felsberg, um dos maiores especialistas brasileiros na Lei de Falências, para assessorá-la. Feslberg conduziu casos famosos como o da recuperação judicial da Parmalat, da companhia aérea BRA e da trading agrícola Agrenco. Procurado pela reportagem, Felsberg não quis se pronunciar.
A empresa vem buscando uma solução para os problemas financeiros que enfrenta há cerca de um ano e a recuperação judicial é neste momento a solução mais provável a ser adotada. Em março do ano passado, a Daslu entrou numa crise de reputação com a prisão de sua proprietária Eliana Tranchesi, condenada a 94 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, fraude em importações e falsificação de documentos. A sentença foi resultado da operação Narciso, desencadeada pela Polícia Federal em julho 2005, e incluiu ainda o irmão de Tranchesi, Celso de Lima, dono de uma das importadoras envolvidas no esquema fraudulento. Desde então, além da dívida fiscal, a empresa passou a lidar com queda nas vendas e problemas de caixa. Circula no mercado a informação de que, nos últimos meses, a Daslu teria interrompido o pagamento a fornecedores e estaria com problemas para honrar o aluguel de um dos imóveis que ocupa em São Paulo, o que reforçaria a urgência de um plano de resgate financeiro da empresa. Procurada por Exame, Eliana Tranchesi não quis dar entrevista e se limitou a negar, por meio de sua assessoria de imprensa, que a empresa vá entrar em recuperação judicial.
A idéia é que o processo envolva apenas uma das duas lojas da marca em São Paulo, a chamada Villa Daslu. A loja do shopping Cidade Jardim, que formalmente funciona como uma empresa à parte e está livre de complicações fiscais, seria vendida. Ainda não surgiram, no entanto, propostas firmes de compra da empresa. Desde o fim do ano passado, Tranchesi vinha mantendo conversas com a Inbrands, empresa de moda controlada por ex-sócios do banco Pactual e dona de marcas como Ellus, Isabela Capeto e Alexandre Herchcovitch. As negociações, porém, não avançaram. Uma outra hipótese, menos provável, é que Eliana Tranchesi consiga atrair um investidor apenas financeiro e, com capital novo, consiga se manter à frente do negócio.
Autor: Renata Agostini
Fonte: www.portalexame.abril.com.br (24/02/2010)