Falência da Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Copervale) foi oficialmente decretada ontem. Decisão do juiz Stefano Renato Raymundo coloca ponto final no caso após doze anos de processo judicial, decretando, inclusive, urgência da medida, a que classificou como necessária para evitar o sucateamento do acervo imobiliário da empresa. A notícia foi dada em primeira mão pelo jornalista Wellington Cardoso, na coluna Falando Sério desta quinta-feira (5).
A decisão do magistrado aponta que o novo plano de recuperação apresentado pela empresa apenas procrastina o feito e obrigações anteriormente assumidas. “Em detrimento do sofrimento e angústia de pessoas menos favorecidas e vulneráreis, parecendo-me mais uma manobra para justificar sua indolência”, diz trecho da sentença, que ressalta a inércia da Copervale, tendo decorrido mais três anos desde a aprovação de seu plano de recuperação e nada tendo sido feito para quitar suas obrigações. Ainda em sua sentença, juiz Stefano Raymundo aponta a prática de apropriação indébita na empresa.
Em assembleia no fim de fevereiro, maioria dos ex-funcionários e credores votou pela decretação da falência da cooperativa, que, até então, ainda estava em recuperação judicial. À época, a administradora judicial, Elizete Seixlack, explicou que a reunião foi convocada tendo em vista o fim do prazo para o cumprimento dos requisitos da Lei de Recuperação, inclusive o pagamento dos credores, que ultrapassava R$ 55 milhões. A decisão foi, então, encaminhada à Vara Empresarial de Recuperação Judicial. No processo já foram leiloados alguns bens da empresa para quitação de débitos; foram vendidos dois dos vinte e cinco pertencentes à Copervale. Com a decretação da falência, a expectativa é que a unidade produtiva às margens da BR-262 seja leiloada para quitação de dívidas da empresa.
A Copervale foi fechada em 2013 e desde então está em situação de abandono. Boa parte dos equipamentos, inclusive, foi furtada; a estrutura foi destruída por vândalos. Denúncias no ano de 2007 de que a cooperativa estaria adulterando o leite integral levaram a Polícia Federal a deflagrar a operação Ouro Branco, que prendeu 27 pessoas, incluindo o ex-presidente da empresa, Luiz Gualberto.
05/07/2018