Confirmando rumores dos últimos meses, a Microsoft anunciou na semana passada um plano de reestruturação, o maior da histórica da empresa, que vai culminar na demissão de até 18 mil funcionários - 12,5 mil só da Nokia. O corte no número de empregados não se limita apenas à sede da companhia, em Redmond, nos Estados Unidos, mas também em escritórios da corporação localizados em diversos países.
No entanto, as mudanças não devem afetar a unidade brasileira da empresa. Uma fonte familiarizada com as negociações disse ao site Valor Econômico que a subsidiária nacional da Microsoft, instalada no Brasil desde 1989 e uma das dez maiores operações da companhia em todo o mundo, não sofrerá quase nenhum impacto das demissões em massa.
Não é segredo que o principal motivo para justificar o desligamento de milhares de profissionais é justamente a compra da finlandesa Nokia, adquirida em setembro de 2013 por US$ 7,18 bilhões. Desde o anúncio, a Microsoft trabalhou aqui no Brasil para integrar seus negócios aos da fabricante de smartphones. E deu certo: a dona do sistema operacional Windows atingiu uma receita anual no país de aproximadamente US$ 2 bilhões, mais que o dobro da receita que a companhia teria no país sem a Nokia.
Embora os planos da Microsoft estimarem, em sua maior parte, a demissão de empregados da Nokia, aqui no Brasil parece que essa reestruturação já aconteceu. Logo quando anunciou a aquisição, a Microsoft tinha no país 800 funcionários e a Nokia 2 mil. Hoje, segundo a própria Microsoft, as operações combinadas das duas empresas somam 1,2 mil trabalhadores. Parte desses empregados estão na fábrica da Nokia, em Manaus, no Amazonas, onde são produzidos 17 tipos de aparelhos, entre celulares e smartphones.
Procurada para comentar o assunto, a empresa disse em comunicado que a reestruturação "reforça os planos da companhia para simplificar operações e alinhar a aquisição de dispositivos e serviços da Nokia à estratégia global de corporação".
Na última quinta-feira (17), a Microsoft confirmou a demissão de 18 mil funcionários ao redor do mundo, sendo que, dessa quantidade, 12,5 mil são da Nokia. Os demitidos serão informados com antecedência ao longo dos próximos seis meses, e a operação deve se completar entre o final deste ano e começo de 2015. O custo total da reestruturação será entre US$ 1,1 bilhão e US$ 1,6 bilhão durante os próximos quatro trimestres.
A ideia de Satya Nadella (CEO da Microsoft), conforme ele explicou em um memorando enviado aos empregados, é eliminar algumas posições para permitir a criação de novos setores dentro da companhia, facilitando o processo de decisão e aplicação de estratégias de trabalho.
"Em primeiro lugar, vamos simplificar a forma como trabalhamos, aumentando as responsabilidades de forma a tornar mais ágil e rápido e nosso trabalho. Além disso, nossos processos de negócio e modelos de apoio serão mais enxutos e eficientes, com maiores níveis de confiança entre as equipes. (...) Em segundo lugar, estamos trabalhando para integrar as equipes de dispositivos e serviços Nokia na Microsoft. Vamos aproveitar as sinergias que comentamos quando anunciamos a aquisição da empresa, em setembro do ano passado", explicou o executivo.
Além do corte no quadro de funcionários, a Microsoft também encerrará o Xbox Entertainment Studios, uma divisão recém-anunciada voltada à produção de conteúdos de TV e séries originais exclusivas das plataformas Xbox, e também a linha de smartphones Nokia X equipados com Android, anunciada em fevereiro deste ano no Mobile World Congress (MWC). Algumas séries do XES, como as produções baseadas no game Halo, não foram canceladas, enquanto os próximos celulares Nokia X receberão o sistema Windows Phone.