A butique de luxo Daslu, da empresária Eliana Tranchesi, entrou no final da tarde de ontem com pedido de recuperação judicial na capital paulista. A dívida com cerca de 200 credores, entre fornecedores, bancos e funcionários, é de R$ 80 milhões.
"A dívida trabalhista é mínima, a maior parte está com os bancos e fornecedores", disse ao Valor uma fonte próxima à empresa. Do lado dos bancos, o maior credor é HSBC. A Daslu pretende fazer o pagamento escalonado das dívidas, privilegiando os fornecedores. "É essencial manter a operação", disse a fonte.
O escritório Felsberg e Associados - que atende a Daslu desde o período de reestruturação da empresa, quando em 2007 a consultoria Galeazzi & Associados assumiu o negócio - tem 60 dias para apresentar o plano de recuperação à Justiça. Se aceito, serão mais 150 dias para obter a aprovação dos credores. Segundo a fonte, os credores já estariam dispostos a aceitar o plano.
Desde março, a Daslu estudava uma alternativa para garantir a continuidade da operação. Na época, o diretor da Daslu, Hayrton de Campos, disse ao Valor que "ninguém faz recuperação judicial do nada", mas não quis dar detalhes sobre a consulta ao Felsberg. A recuperação judicial foi escolhida porque é uma maneira de a empresa resgatar a credibilidade e continuar seu plano de expansão. "Eliana quer quer que a Daslu chegue a outras capitais", diz a fonte.
Até lá, há muitas contas a pagar. Entre elas, a da WTorre, dona do imóvel ocupado pela Daslu em São Paulo. A WTorre pediu o imóvel e a Daslu vai se mudar para o novo shopping de luxo, o JK, que está sendo construído pelo antigo concorrente Iguatemi, junto com a WTorre. Os empreendedores negociam com as cerca de 40 grifes que estão no prédio ocupado pela Daslu a mudança para o JK.
Desde que foi presa - primeiro em julho de 2005 e depois em março de 2009, durante a operação Narciso, da Polícia Federal, voltada à investigação de crimes contra a ordem tributária -, Eliana enfrenta dificuldades. Até 2009, a dívida com o fisco estava em R$ 500 milhões, segundo a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.
A disputa pelo mercado paulistano de luxo vem crescendo, enquanto a Daslu enfrenta um agravante: as grifes de luxo não vendem mais a prazo para a empresa. (Com Beth Koike e Lílian Cunha, de São Paulo).
Autor: Daniele Madureira
Fonte: Valor Econômico (09/07/2010)