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Dívida. Os dez mil milhões de desafios do novo líder da Oi

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Sucessor de Bayard Gontijo agarra no leme de um barco à deriva. Empresa brasileira está afogada em dívidas e plano de redução de custos já levou a dois mil despedimentos

Foi de surpresa - e ainda sem justificação - que Bayard Gontijo apresentou a sua demissão na sexta--feira. A porta abriu-se para Marco Schroeder, que é agora o novo presidente executivo da Oi, a operadora brasileira que tem a Pharol (antiga PT SGPS) como maior acionista, com 27,5% do capital. Schroeder tem a cargo uma missão difícil: reestruturar uma empresa que tem uma dívida de 40,8 mil milhões de reais, ou seja, cerca de 10,6 mil milhões de euros no câmbio atual.

"Schroeder, que já está na empresa há muito tempo e conhece todo o processo de reestruturação da empresa, deverá conduzir as funções daqui para a frente", indicou uma fonte ligada ao grupo brasileiro ao Folha de S. Paulo. A operadora brasileira tem de pagar, até 26 de julho, 400 milhões de euros de obrigações da PT Finance. Afogada em dívidas, a Oi corre o risco de incumprimento e está a avaliar todas as opções para o pagamento deste empréstimo. Mas a empresa não pode tomar qualquer decisão sem a aprovação dos 20 mil investidores que, em 2012, compraram essas obrigações - 97% dos quais em Portugal.

Se o quiser fazer, a empresa terá de convocar uma assembleia de obrigacionistas, conforme adiantaram no início de junho vários juristas contactados pelo DN/Dinheiro Vivo.

A reunião terá de ser convocada, por norma 15 dias antes do prazo, com base na legislação portuguesa. Falhar o pagamento em julho - embora só se entre em default 14 dias depois - pode gerar uma onda de choque junto aos detentores de dívida da Oi.

Evitar o tsunami

A companhia esteve recentemente em Nova Iorque a negociar esta situação com a Moelis Company, representante de diversos credores, mas não é ainda conhecido nenhum modelo para a reestruturação da dívida. No final de março, 78,8% do total da dívida contratada consolidada do período estava em moeda estrangeira e encontrava-se protegida de flutuações cambiais. O prazo médio consolidado da dívida ficou em 3,6 anos. Em caixa, a companhia tem 2,2 mil milhões de euros.

Da reestruturação não está excluído qualquer tipo de dívida, inclusive as de retalho, conforme indicou a operadora brasileira no final de maio. Mas todos contavam ver Bayard Gontijo à mesa destas negociações, e o seu súbito pedido de demissão, que não foi justificado, deixou os brasileiros de boca aberta. "Ele estava a participar ativamente nos processos de renegociação de dívidas com os credores internacionais no início desta semana em Nova Iorque. Não parecia que estava prestes a deixar a companhia", adiantou uma fonte ao jornal brasileiro.

A mesma fonte considera que o processo de reestruturação, com a saída de Gontijo, pode ficar em causa. "Agora não sabemos como fica todo esse processo de reestruturação das dívidas", refere ao Estado de S. Paulo, já que a Oi quer evitar um pedido de recuperação judicial. Outra fonte diz que o antigo presidente executivo da Oi, que sucedeu em outubro de 2014 a Zeinal Bava, ter-se-á desentendido com alguns dos acionistas da telecom brasileira.

A empresa tem sido fortemente pressionada depois de o fundo russo Letter One ter deixado cair por terra a injeção de até 4000 milhões de dólares, após a TIM ter rejeitado negociar uma fusão com a Oi, que colocou a reestruturação da dívida como prioridade. A questão tem de estar fechada até ao final do ano.

A companhia tem levado ainda a cabo uma política de redução de custos que levou ao despedimento de cerca de dois mil funcionários, com vista a diminuir custos com pessoal. Só uma negociação bem-sucedida por parte de Marco Schroeder poderá evitar mais despedimentos.

Autor(a)
Diogo Ferreira Nunes

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