RIBEIRÃO PRETO - Uma dívida de R$ 259,1 mil em duplicatas vencidas e protestadas levou a Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro Ltda. (Casmil) a requerer o pedido de falência da Indústria de Alimentos Nilza, uma das mais tradicionais produtoras de leite longa vida do País. O pedido, feito no fim de maio, ainda é avaliado pela Justiça de Ribeirão Preto (SP). Na petição inicial feita pela Casmil, a cooperativa relata oito duplicatas cujos vencimentos ocorreriam entre 5 e 10 de abril e que não teriam sido pagas, o que a levou a protestá-las em cartório e, em seguida, ao requerimento de falência. Os documentos estão anexados ao processo que corre na 7ª Vara Cível do município paulista que é a sede da Nilza.
O valor corresponde a apenas 0,07% da dívida de R$ 340,8 milhões acumulada pela Nilza até o pedido de recuperação judicial, em 2008, cujo plano foi aprovado pelos credores em novembro de 2009. No entanto, apesar do valor baixo em relação à dívida total, as duplicatas da Casmil comprovariam que a Nilza voltou a não honrar novos compromissos com fornecedores após o plano de recuperação judicial aprovado.
"A inadimplência da ré está plenamente caracterizada e provada documentalmente pelos protestos por falta de pagamento de títulos de sua responsabilidade, e por sua inércia e silêncio, portanto, traduzindo, restou o estado de manifesta insolvabilidade, que importa ser decretada de imediato por sentença", relatam os advogados da Casmil no pedido de falência.
A Nilza segue desde abril sem captar e processar leite e os cerca de 250 funcionários do setor fabril das unidades de Ribeirão Preto e de Itamonte (MG) estão em casa. Para justificar a suspensão da produção, a companhia informou que negociava a venda dos ativos e que não queria ter mais prejuízos nas operações até a conclusão do negócio.
Além do pedido de falência, Nilza e Casmil sempre tiveram uma relação conturbada. A Casmil chegou a integrar um pool de cooperativas leiteiras que eram sócias da Central Leite Nilza. A central passou por problemas financeiros, foi desfeita e os ativos foram adquiridos pelo atual dono da Nilza, Adhemar de Barros Neto, em dezembro de 2005. Em 2007, a Casmil foi investigada pela Polícia Federal por suspeita de adulteração de leite na "Operação Ouro Branco". À época, o dono da Nilza acusou a cooperativa mineira de ter alto índice de refugo no leite enviado. Barros Neto declarou que 30% do leite da Casmil era rejeitado, porcentual 20 vezes superior à média..
Autor: Gustavo Porto
Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias/not_21517.htm (07/06/2010)