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Dona do Montepio afasta falência e admite regresso aos lucros no banco

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A Associação Mutualista Montepio Geral tem capacidade para fazer face às responsabilidades atuais perante os seus 600 mil associados e não está, por isso, em risco de falência, mesmo com capitais próprios negativos de 107 milhões de euros em 2015, o que representa uma falência técnica. A garantia foi dada por António Tomás Correia, presidente da entidade que é dona do banco Caixa Económica Montepio Geral, em reação à notícia do Público, que revelava que a auditora KPMG tinha avisado sobre os capitais próprios negativos da entidade. Já na edição de sábado o Expresso noticiou que o Banco de Portugal deixou vários alertas relativamente aos dados de 2015 do Montepio. “O nosso balanço que rondará os 3.800 milhões de euros corresponde a responsabilidades hoje calculadas ao final da manhã de 3.050 milhões de euros perante associados”, afirmou Tomás Correia, acrescentando que há vários ativos em balanço, como o imobiliário, que estão subvalorizados. Uma contabilização que, garantiu, “oferece tranquilidade”. 

Apesar dos capitais próprios negativos – fruto de alterações na contabilização da dívida subordinada do Caixa Económica, que deixou de ser considerada para fundos próprios – não há risco de falência, garantiu Tomás Correia, em conferência de imprensa. “A questão mais chocante para nós foi a afirmação de uma espécie de falência relativamente a esta associação. Estamos perante uma afirmação que não corresponde à realidade e é bom que afirmemos isso com veemência”, garantiu, frisando que essa afirmação “é alarmista”. O presidente da Associação Mutualista explicou que essa questão ocorre nas contas consolidadas, que inclui a operação do banco (com a dívida subordinada) e também da seguradora Lusitânia. No exercício individual, garantiu, a situação está “muito confortável”, com capitais próprios positivos, ainda que menores que no ano anterior, e lucros de 7,4 milhões de euros. Em caso de falência técnica – a TAP, por exemplo, antes de ser parcialmente privatizada, esteve anos em falência técnica – os acionistas, ou, nas associações mutualistas, os associados, terão de tomar medidas, que podem incluir uma injeção de capital. O presidente da Associação Mutualista, contudo, afastou essa possibilidade. “Não consideramos que haja necessidade de novos aumentos de capital da associação mutualista. Há capacidade de geração de capital da área seguradora e bancária”. Contudo, o responsável admite a possibilidade do banco emitir dívida subordinada caso seja necessário para cumprir os requisitos de capital. Tomás Correia antecipa que os resultados de 2016 serão em linha com os do segundo semestre, quando registou prejuízos de 67 milhões de euros. Já para 2017 a expectativa é de um regresso aos lucros. “Cremos ter chegado ao fim do ciclo de resultados negativos”. Já a Associação Mutualista teve, em 2015 – as contas de 2016 ainda não foram divulgadas – prejuízos de 393,1 milhões de euros, justificados com imparidades para fazer face a eventuais perdas com a participação na Caixa Económica e no Montepio Seguros. A Caixa Económica foi liderada até 2015 por Tomás Correia, mas este foi substituído por Félix Morgado por indicação do Banco de Portugal. O governador da instituição, Carlos Costa, já veio a público dizer que “o Montepio está estabilizado e tem uma administração profissional”, o que foi encarado como um voto de confiança na gestão do banco. O Expresso entretanto noticiou, na edição deste fim de semana, que o Banco de Portugal tinha deixado vários alertas ao banco, considerando que este tinha um “perfil de risco elevado” e que as exposições estratégicas “não garantem uma gestão sólida”, verificando-se ainda uma “constante degradação da carteira de clientes”. O relatório toma como referência o exercício de 2015 e o banco já veio reagir, garantindo que as falhas foram corrigidas. Numa carta aos trabalhadores, Félix Morgado criticou também a divulgação de temas internos do banco “de quem a coberto do anonimato continua a desprezar o dever de sigilo e reserva sobre os assuntos internos da instituição”. O Caixa Económica Montepio Geral está a avançar com um plano para regressar aos resultados positivos e pediu mesmo ao Governo, em novembro, o estatuto de empresa em reestruturação para facilitar o processo de rescisão com os trabalhadores. O pedido ainda está “em análise” do lado do ministério da Economia. O banco previa a saída de 120 trabalhadores e a reorganização de algumas unidades, nomeadamente a fusão e extinção de subsidiárias e a venda de ativos não estratégicos e de imobiliário. O Jornal de Negócios noticia que terá de ser vendido crédito malparado, reduzida a presença em Angola e Moçambique para melhorar a solidez, deixar de consolidar o Finibanco, entre outras medidas. -

Autor(a)
Cátia Simões

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