O mercado internacional de dívida continua aberto para bônus atrelados a projetos ("project bonds", no jargão do setor), segundo Claudio Matos, diretor de dívida de mercado de capitais do HSBC. O executivo falou sobre financiamento à infraestrutura no Brasil em evento em São Paulo.
De acordo com ele, esse mercado já foi testado com a emissão de bônus de projetos da indústria de óleo e gás. Matos afirmou que, nesses casos, a preocupação cambial não existia porque o ramo é dolarizado. A Odebrecht Óleo & Gás, que fez captações nessa modalidade, protocolou nesta semana pedido de recuperação judicial.
"Tivemos recentemente na América Latina a emissão de bônus do aeroporto da Cidade do México, no valor de US$ 2 bilhões, como exemplo do apetite", disse Matos.
Para projetos brasileiros em que o faturamento acontece em reais, uma saída é usar "hedge" cambial, mas isso tem um custo operacional, observou. Matos disse ainda que, historicamente, os investidores institucionais não gostam de risco de construção, então o financiamento no início das obras deve continuar com bancos.
"Em projetos greenfield esse modelo [de financiamento bancário nos primeiros anos] deve prevalecer. Pode ter apetite do investidor internacional pelo risco de construção, mas vai ser muito de caso a caso. Ele, no geral, prefere o risco pós 'completion' [após a conclusão das obras]", afirmou.
25/05/2017