O estaleiro Fibrafort, de Itajaí, surpreendeu o mercado ao apresentar pedido de recuperação judicial. A empresa, com 25 anos de história, já ostentou o título de maior da América do Sul e, até o ano passado, experimentava crescimento com o aquecimento do mercado nacional e o aumento da demanda de exportações.
A previsão de bons negócios fez com que o estaleiro ampliasse o parque de produção e abrisse o portfólio para barcos maiores. A retração econômica, entretanto, afetou diretamente o consumidor emergente, cliente-alvo da Fibrafort. E a conta não fechou mais: a média de produção e venda de quatro embarcações por dia passou para um barco diário _ uma queda de 75%.
O dólar alto estimulou as exportações, mas a venda para o mercado externo não foi suficiente para compensar a baixa no mercado nacional. O resultado foi a adequação da linha de produção para alcançar o ponto de equilíbrio, o que resultou na demissão de quase dois terços dos 300 funcionários.
Com a estrutura enxuta, a Fibrafort apelou para a recuperação judicial para ganhar prazo para o pagamento das dívidas, que não tiveram o valor divulgado. Márcio Ferreira, empresário que comanda o estaleiro, diz que o processo protegerá a marca, que é conhecida internacionalmente, e os empregos. ¿Estamos comprometidos em pagar todos os credores¿, afirma.
A recuperação ainda depende de aceitação na Justiça. Só então a empresa terá prazo para apresentar o plano de pagamento das dívidas, que terá que ser aceito pelos credores.
A Fibrafort garantiu, em nota, que os compromissos assumidos junto a clientes, revendedores, funcionários e credores serão mantidos.