Há uma década e meia, Alagoas, o maior Estado canavieiro da região Nordeste, abrigava 670 mil hectares com a cultura. Essa área atualmente não passa de 450 mil hectares, sendo que 300 mil estão nas áreas planas do sul do Estado. É uma questão de tempo para que a cana de fora dos "tabuleiros" dê lugar a outra atividade econômica.
Desde 2008, um quarto das 24 unidades de Alagoas entraram em sérios problemas financeiros. Três usinas pediram recuperação judicial, sendo que uma delas interrompeu totalmente suas operações, e outras três faliram, conta o presidente do sindicato que representa as usinas do Estado (Sindaçúcar), Pedro Robério Nogueira.
"O custo da colheita manual está inviabilizando esse setor, que está cada vez mais complexo. Os empresários estão buscando alternativas econômicas para substituir a cana", afirma o dirigente do sindicato patronal.
A pecuária extensiva é uma alternativa possível para ocupação dessas áreas, mas é vista como um certo retrocesso pelos empresários locais, explica Nogueira. Já o eucalipto começa a despontar na região como a saída mais viável, no entanto, ainda se define que destinação final terá essa madeira, diante da inexistência da tradicional demanda de papel e celulose no Estado. O uso para geração de energia está sendo considerado, assim como para fabricação de móveis.
Segundo o Balanço Energético de Alagoas, elaborado pela secretaria estadual de Planejamento, a atual área ocupada com eucalipto no Estado é de 7,6 mil hectares, a maior parte em áreas de topografia acidentada onde a cana-de-açúcar perdeu espaço.
O grupo Carlos Lyra, dono da usina Caeté, principal parceira da GranBio em Alagoas, é um dos players que estão substituindo cana por eucalipto. Das três usinas nordestinas do grupo, uma não pode ser totalmente mecanizada, e é alvo do cultivo da madeira. Trata-se da unidade Cachoeira, localizada no município de Maceió.
Nos últimos dois anos, a empresa plantou 3 mil hectares de eucalipto onde antes havia cana. A substituição ocorreu na área própria e reduziu o canavial da unidade a 13 mil hectares.
O diretor agrícola do grupo, Aryl Lyra, diz que, desses 13 mil hectares, apenas 7 mil vão permanecer com cana-de-açúcar, pois podem ser mecanizados. A substituição vai ocorrer ao longo dos próximos anos. "A unidade Cachoeira vai continuar ativa, mas vamos buscar a matéria-prima mais longe, de fornecedores que já não têm para quem vender, devido ao fechamento de usinas na região", diz Lyra.