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Fitch prevê aumento de alavancagem de empresas

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O nível de alavancagem (endividamento) das companhias brasileiras ficará em cerca de 3,5 vezes a relação entre a dívida líquida e o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) em 2015, o maior patamar em pelo menos cinco anos. A estimativa é da Fitch Ratings e considera a mediana dos dados das empresas cobertas pela agência de risco.

Em 2013 e 2014, o indicador ficou em 3 vezes, patamar já considerado alto.

"Com a deterioração da economia, a geração de caixa está menor e o consumo de caixa aumentou porque as despesas financeiras estão maiores diante do dólar e dos juros mais altos", afirma Ricardo Carvalho, diretor sênior de crédito corporativo da Fitch. Segundo ele, até o ano passado era possível identificar setores específicos com mais dificuldade. "Agora, está mais fraco para a grande maioria das companhias", ressalta.

Como resultado, o número de rebaixamentos de companhias brasileiras pela Fitch até agora em 2015 já é o mais elevado de uma série histórica que começa em 2004. De janeiro para cá, a agência de classificação de risco cortou as notas de 38 empresas em escala nacional e 21 em escala internacional. Em todo o ano passado, que já teve um salto nos rebaixamentos, foram 25 e 14 cortes, respectivamente.

Ao mesmo tempo em que as vendas estão fracas, a liquidez está mais restrita no mercado brasileiro, com os bancos menos dispostos a dar crédito. No exterior, a oferta de dinheiro segue abundante, mas há fuga de investidores em direção a ativos de menor risco, o que tem elevado os spreads exigidos de empresas brasileiras em emissões de bônus e em empréstimos.

Fonte da área de atacado de uma instituição estrangeira afirma que algumas operações que previam o pagamento do principal da dívida apenas no vencimento têm sido refinanciadas com prazo mais longo, mas com amortizações periódicas. Em troca de um alívio, os credores têm pedido garantias adicionais para se resguardar - em alguns casos, ativos reais.

A Tonon Bioenergia fez, no mês passado, uma operação que reúne algumas dessas características. A empresa sucroalcooleira fez uma troca de bônus seniores que vencem em 2020 por títulos novos e de igual vencimento, mas com "covenants" mais brandos e quase dois anos de pagamento de cupom reduzido. Em paralelo, tomou empréstimo de US$ 70 milhões garantido pelo penhor dos equipamentos industriais das usinas Santa Candida e Vista Alegre e pela hipoteca dessas terras. "É o caso de uma companhia forte, tradicionalmente bem administrada, mas que foi prejudicada pela crise", afirma Felsberg, que assessorou a Tonon.

De acordo com o advogado, muitas companhias têm preferido renegociar diretamente com os credores para evitar que o agravamento da situação as leve à recuperação judicial. Nem sempre, porém, encontram boa receptividade. "Alguns credores estão mais sensíveis, mas outros estão endurecendo", diz Felsberg.

Autor(a)
Talita Moreira e Vinícius Pinheiro

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